“Nos modelos climáticos, apontou-se que a região Sul tinha um grande risco de desastre”, diz especialista sobre cidades do RS.

Becker tem bacharelado e mestrado em Engenharia Ambiental  pela Universidade Técnica de Cottbus, na Alemanha, com ênfase em economia ambiental e gestão de recursos hídricos.

Ao Norte Entrevista, o especialista aponta para soluções e o papel dos gestores na crise.

 “ Um dos nosso papéis agora, dos gestores públicos, é exatamente olhar para a ciência, para os técnicos que têm sim essa previsibilidade e conseguem assim dar esse apoio ao gestor público para que ele se prepare para esses eventos extremos.”

Manutenção das Bombas

“A manutenção obviamente de todos as construções ou todos os maquinários nesse caso, das bombas, que estão aí para prever ou para prevenir a população desses desastres, tudo isso deve estar na manutenção diária ou quase semanal do poder público.”

Soluções além do maquinário

“Mas é importante também pensar em outras soluções. É que não necessariamente é só a construção de dique ou a compra de uma nova bomba, áreas verdes nos municípios podem ajudar por exemplo a manter a água no terreno, manter a água no território, no solo, evitando que ela escorra tão rápido, então, quanto mais verde e menos cimento. Isso sem dúvida também traz uma vantagem bastante grande, uma resiliência dessas cidades para esses eventos extremos.”

Como funcionam as cidades-esponja ?

De acordo com o especialista, existem formas de diminuir o impacto da mudança climática; um exemplo são as cidades-esponja, que sugam a água para o solo por meio de jardim ou áreas verdes em residências.

“As cidades-esponjas por exemplo, é um exemplo que realmente não trabalham no sentido de afastar simplesmente a água da cidades. Mas sim, tentar retê-las nas cidades, tentar trazer realmente mais as áreas próximas ao rio para dentro da cidades, para que aí depois ,quando acontece um evento extremo, o rio tenha mais liberdade de se expandir. E expanda então sobre essas áreas entre aspas esponjosas da cidades, né? E assim não afete tanto a infraestrutura; o ruim dos eventos climáticos é realmente o impacto sobre a infraestrutura e obviamente também sobre as populações ou sobre a questão da produção agrícola que também é bastante sensível no caso do Rio Grande do Sul.”

Mudanças climáticas

“Num aspecto mais amplo, todas as questões que ajudam a manter, vamos dizer assim, a floresta em pé, vão ajudar também a mitigar as questões climáticas, é comum em todo o país, né? Então, acho que isso também é muito importante e em outras questões em outras regiões, não só nas amazônicas, mas a gente vê isso muito no Norte, Nordeste, principalmente, todas as questões de você criar cisternas, por exemplo, para os pequenos povoados, né? Ou seja, você colher a água que chega e manter a água para o abastecimento humano, mas também eventualmente para o abastecimento animal ou até a horta também, que cuida da subsistência das famílias. Ou seja, a gente tem que realmente repensar o nosso modo de agir porque o clima não está mais como nós gostaríamos que estivesse, né? Toda a nossa produção, todo o nosso jeito de viver se acostumou com esse clima estável. E agora ele não está mais estável, ele apresenta realmente esses extremos. É para isso que a gente tem que se preparar.”