O relatório do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), órgão ligado ao Comando da Aeronáutica, concluiu que não houve falha mecânica e que o piloto contribuiu para o acidente que matou a cantora Marília Mendonça.

O relatório foi divulgado nesta segunda-feira, 15.

+ Envie esta notícia no seu WhatsApp

+ Envie esta notícia no seu Telegram

Na visão de George Sucupira, primeiro conselheiro da Associação de Pilotos e Proprietários de Aeronaves, houve um “excesso de zelo” dos pilotos que levou ao incidente.

“Os pilotos, por excesso de zelo, esticaram a perna ao invés de fazer a curva onde normalmente faziam, esticaram um pouco mais para dar mais segurança ao voo, porque a reta final seria mais controlada e conseguiriam um pouso mais tranquilo”, disse, em entrevista à Rádio Eldorado, na manhã desta terça (16).

“O que aconteceu foi que, na continuidade da perna-base, há uma torre e essa torre tem um cabo de para-raio em cima. Isso, no avião, você não consegue ver, porque o avião está a 200 km/h, você não enxerga um fio, e, quando ele fez a curva, a asa bateu no cabo e perdeu motor ali”, completou. “Se ele estivesse um metro acima, não teria acontecido nada.”

RELACIONADAS

+ Marília Mendonça: acidente não foi causado por falha do piloto

+ Marília Mendonça: relatório final do acidente será divulgado nesta segunda

+ Marília Mendonça: Cenipa conclui investigações sobre causas do acidente

A trajetória feita pelo avião o levou a atingir um cabo para-raios de uma linha de transmissão de energia da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig). Além de Marília, o acidente matou outras quatro pessoas.

Ao discorrer sobre “fatores contribuintes” para o acidente, o relatório do Cenipa registrou que o “julgamento de pilotagem” contribuiu para a queda da aeronave.

“No que diz respeito ao perfil de aproximação para pouso (em Minas Gerais), houve uma avaliação inadequada acerca de parâmetros da operação da aeronave, uma vez que a perna do vento foi alongada em uma distância significativamente maior do que aquela esperada para uma aeronave de ‘Categoria de Performance B’ em procedimentos de pouso”.

Acidente

Marília Mendonça viajava em um avião bimotor Beech Aircraft, da PEC Táxi Aéreo, de Goiás, prefixo PT-ONJ, com capacidade para seis passageiros.

A aeronave, que segundo a Anac estava em situação regular e tinha autorização para fazer táxi aéreo, decolou do aeroporto Santa Genoveva, em Goiânia, às 16h02 do dia 5 de novembro de 2021.

Além de Marília, estava no voo Geraldo Medeiros (piloto), Tarciso Viana (copiloto), Henrique Ribeiro (produtor) e Abicieli Silveira Dias Filho (tio e assessor da artista).

O grupo voava em direção à cidade de Caratinga, onde a artista de 26 anos faria um show naquela noite.