O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, nesta quarta-feira (25), que um acordo entre Mercosul e China “é possível”.

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“Apesar do Brasil ter na China o seu maior parceiro comercial e do Brasil ter um grande superávit com a China, queremos conversar enquanto Mercosul e discutir com os nossos amigos chineses um acordo Mercosul-China”, afirmou o presidente. 

O anúncio foi feito após reunião com o presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou, em Montevidéu.

Os dois presidentes concederam uma entrevista coletiva depois do encontro. 

Há dois anos, um acordo de livre-comércio do Uruguai com a China vem sendo negociado.

O tratado seria para que produtos da China entrem no Uruguai com taxas menores de importação do que as praticadas dentro do Mercosul.

Lula mencionou também que é “urgente e necessário” um acordo do Mercosul com a União Europeia.

“Eu ainda estava no primeiro mandato em 2003 e já se discutia o acordo. […] Vamos intensificar as discussões com a União Europeia e firmar este acordo”, disse. 

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A modernização do Mercosul também foi pauta na reunião dos dois presidentes e Lula afirmou que está “totalmente de acordo”.

“Queremos sentar à mesa primeiramente com nossos técnicos, depois com nossos ministros e finalmente com os presidentes para que possamos renovar aquilo que for necessário”, ressaltou.

Em relação a duas demandas sobre o Aeroporto de Rivera e também uma obra de dragagem no Uruguai, o presidente Lula destacou que os dois temas serão analisados pelo governo brasileiro.

Sobre a ponte do rio Jaguarão, o presidente afirmou que é um compromisso do seu governo concluir a construção. 

Viés ideológico e Mercosul

O presidente Lula rebateu o comentário do presidente uruguaio e afirmou que sua “relação com chefes de Estado não tem viés ideológico”. 

“Os presidentes não precisam pensar como eu, do ponto de vista ideológico, não precisam gostar de mim, do ponto de vista pessoal”, completou.

No encontro da 7ª Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), que ocorreu nesta terça (24), o presidente uruguaio criticou alguns países do grupo, no entanto, sem citar os nomes. 

“Há países aqui que não respeitam a democracia, os direitos humanos ou as instituições. Não tenhamos uma visão hemiplégica (paralisia de metade do corpo) por afinidade ideológica”, afirmou Lacalle Pou. 

Nova governança global

Lula também destacou que conta com o país vizinho para lutar por uma nova governança global focada na questão climática.

“A geopolítica é outra e as necessidades da humanidade são outra, sobretudo se tratando da questão do clima”, afirmou. 

Segundo o petista, se não houver esta nova liderança, as políticas resultantes de acordos mundiais não entrarão em vigor por falta de apoio do Congresso. 

“Se não tivermos uma governança global que decida cuidar do planeta como uma coisa pertencente a todos nós e por isso todos nós teremos que ter responsabilidade, vai continuar acontecendo que nós fazemos os encontros, COP40, COP35, tomamos decisões maravilhosas a nível internacional, mas quando tentamos colocar em prática dentro do nosso Estado nacional, muitas vezes, o Congresso não aprova e as políticas não entram em vigor”, afirmou. 

Lula criticou ainda a falta de representatividade na Organização das Nações Unidas (ONU), a não assinatura dos Estados Unidos no protocolo de Kyoto.

O presidente também teceu críticas ao não cumprimento da meta da União Europeia de 10% de etanol em toda a gasolina da Europa até 2020. 

“Já estamos em 2022, já estamos discutindo novas matrizes energéticas, estamos discutindo no Brasil até o hidrogênio verde e até agora a questão do etanol não foi cumprido”, disse.