A cada 8 de março, a reflexão se faz necessária no campo das conquistas femininas. Apesar da pandemia e de uma guerra na Europa com mais interrogações do que respostas, as mulheres ainda encontram motivos para comemorar o Dia Internacional da Mulher, em 2022.

No Amazonas, o público feminino representa 51,13% da população. No Ensino Superior, elas já são 57% dos estudantes nas faculdades.

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No campo dos negócios no País, segundo dados da última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 9,3 milhões de mulheres estão à frente de empresas no Brasil.

O número já foi bem menor, e ainda que não supere os homens, 43,5% das organizações são dirigidas por elas.

Sobram histórias que narram um pouco dessas conquistas, como as que veremos a seguir.

Negócio em casa e na internet

Em Manaus, a força de vontade de crescer fez com que Deborah Louise Oran de Andrade, 31, começasse a vender roupas femininas até ela lançar a própria marca no segmento.

Ao Portal Norte, ela contou que tirar do papel um sonho antigo e criar sua própria coleção de roupas começou no meio da pandemia.

Como todo início de empreendimento, principalmente para as mulheres, é comum o surgimento de obstáculos como capital baixo e poucos fornecedores. 

“Foi uma experiência única iniciar um negócio em plena pandemia, vendendo algo que não era considerado item essencial. Mas sempre tive fé que daria certo e trabalhei para isso. A maior dificuldade foi escolher as primeiras peças, com um capital bem reduzido, pois não tinha como trazer todos os tamanhos de uma mesma peça, nem trazer mais de uma cor”, relatou Deborah. 

Ainda segundo a empreendedora, apesar das dificuldades, empreender traz liberdade e outros pontos positivos.

“Um dos maiores benefícios foi poder trabalhar em casa. Como a loja é on-line, pude continuar com outras funções que amo, como mãe e esposa”, destacou Louise.

A empreendedora comentou ainda que começar um negócio, passar por todas as etapas (desde o planejamento até o desenvolvimento) e ainda se manter no mercado de forma competitiva é bem desafiador.

Para ela, os desafios para uma mulher podem ser ainda maiores, visto que muitas ainda enfrentam jornadas múltiplas, preconceito e falta de incentivo.

“Sempre fazia o provador (experimento ou apresentação das roupas para os clientes) à noite, porque era o único horário que conseguia parar e me dedicar. Quando terminava o provador, já começava a embalar os pedidos que já ia recebendo, só parava lá pelas 3h da manhã, para deixar tudo pronto para o dia seguinte”, explicou.

Foto: Arquivo pessoal / Louise Coupé – Roupas da coleção da empreendedora amazonense Deborah Louise

Tripla jornada

De acordo com a Pnad Contínua do IBGE, as mulheres do Amazonas dedicam 15,3 horas aos afazeres domésticos e para cuidar de pessoas, enquanto os homens se dedicam somente 10,1 horas.

Um exemplo de quem faz jornada tripla e muitas vezes até mais, é a enfermeira e social media Jacqueline Paiva dos Santos Albuquerque, de 29 anos.

Em Manaus, ela dedica o tempo para cuidar dela e da família formada por dois filhos e o marido. Apesar da escassez de tempo, ela garante que dá conta das atividades.

Para Jacqueline, o dia começa às 5h, com o preparo do café da manhã e do lanche da escola da pequena Pérola Isabela, de 6 anos. Com Pérola na escola, e Gael de dois anos com a babá, começa o turno de enfermeira no hospital, da 7h às 13h.

O segundo turno começa após o almoço, é o tempo de ficar com os pequenos, marido e seguir com os cuidados da casa. Às 15h30 é o tempo para cuidar da saúde, na academia.

O terceiro turno, agora como social media, começa às 18h e segue até 21h. E quem pensa que acabou, nada disso. Hora de preparar mingau, ler histórias e fazer as crianças dormirem. Antes que o relógio diga que já é meia-noite, Jacqueline já está descansando e já se preparando para o dia seguinte. 

“A mulher tem o poder nas mãos, basta saber usar. Não é fácil, mas nós mulheres temos isso de trazer a responsabilidade pra nós. Às vezes é cansativo, mas no final é gratificante”, declarou.

Ao mesmo tempo em que a sociedade cobra o papel da mulher forte e independente, ainda há espaço também para a cobrança do cuidado com os filhos e obrigações domésticas, por exemplo.

Jacqueline incentiva outras mulheres a seguirem seus objetivos.

“O Fato de ser mãe, trabalhar fora e ir à academia levanta uns questionamentos, as pesssoas ainda perguntam como consigo ir trabalhar e deixar meus filhos com outra pessoa. Porém, se eu sair hoje de tudo que faço vão me julgar da mesma forma. Seja uma mulher independente, vá pra academia. Se quiser e puder se dedicar apenas ao lar, faça. Se quiser filhos, os tenha. Se não quiser também a escolha é sua”, concluiu.

DADOS

 

População amazonense

De acordo com dados da projeção da população do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Estado tem aproximadamente 4.311.221 habitantes.

As mulheres são 51,13% da população, enquanto os homens são 48,87%.

Eleitoras

De acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), 51,3 % dos eleitores no Amazonas são mulheres. A maioria do eleitorado feminino, cerca de 36,15%, é de 25 a 39 anos.

Mas apesar de ser maioria no eleitorado, nas eleições de 2018, o estado tinha apenas 32,0% mulheres candidatas para o cargo de deputado federal, em comparação a 34,9%, em 2014. No entanto, nenhuma foi eleita.

Há apenas 4 representantes femininas tanto na Câmara Municipal de Manaus quanto na Assembleia Legislativa do Amazonas.

Emprego

No Amazonas, havia trinta e cinco mil pessoas em cargos gerenciais. A participação das mulheres em cargos de liderança foi de 35,9% em 2019. Leve melhora em oito anos, pois em 2012 era de 34,8%.

Apesar de terem maior acesso ao ensino superior, as mulheres, no Amazonas, também representavam a minoria (46,8%) entre os professores de instituições de ensino superior.

O mesmo acontece no caso da população ocupada, que foi majoritariamente masculina no Amazonas (59,3% e 971 mil) e em Manaus (55,8% e 531 mil), no acumulado até 2020.

Em contrapartida, a taxa de desocupação feminina foi muito maior, tanto a estadual (55,5% e 154 mil), quanto a municipal (57,3% e 124 mil).

Já em relação aos salários as mulheres recebem o equivalente a 3/4 do salário dos homens. Mesmo trabalhando fora, as mulheres dedicam 20 horas por semana aos cuidados com o lar ou com a família, o dobro do companheiro que divide a mesma casa.

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