Por conta da fumaça no ar do estado do Amazonas, o epidemiologista da Fiocruz Amazônia, Jesem Orellana, emitiu nesta segunda-feira (12) um alerta sobre a necessidade de usar máscaras com sistema de filtragem especial. Em específico, modelos N95 ou PFF2.

De acordo com Orellana, essa recomendação é particularmente crucial. Principalmente para pessoas com comorbidades e doenças respiratórias, especialmente devido à intensificação da fumaça das queimadas que cobre a cidade.

“O que mais preocupa este ano em relação aos anteriores é que não se sabe, ao certo, se o que está acontecendo. É simplesmente uma antecipação do período crítico ou se, realmente, este ano, teremos um período mais longo de exposição à fumaça tóxica, já que o pico da poluição em 2023 foi em outubro. Seria algo inusitado e extremamente preocupante, pois estenderia o sofrimento da população e traria consequências muito piores”, explicou Orellana.

Como a fumaça afeta a saúde da população?

Além dos efeitos diretos da fumaça no Amazonas, como tosse seca, falta de ar, irritação nos olhos e garganta, congestão nasal e reações alérgicas na pele, Orellana também destacou os impactos indiretos.

Estes podem incluir o agravamento de doenças cardiovasculares e respiratórias, como rinite, asma, bronquite e doença pulmonar obstrutiva crônica, além de potencialmente levar à Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG).

Ele ainda enfatizou que a poluição pode prejudicar a saúde mental, uma vez que intensifica preocupações e limita atividades ao ar livre para pessoas vulneráveis.

Além disso, Orellana apontou o aumento na busca por atendimentos médicos e internações, o que, por sua vez, sobrecarrega os serviços de saúde já precários.

Nesse contexto, ele recomendou fortemente o uso de máscaras, especialmente para aqueles com histórico de doenças respiratórias.

Para aqueles que precisam realizar caminhadas e corridas, é mais prudente evitar atividades ao ar livre e, ao sair de carro, manter o ar-condicionado com circulação interna ativada.

Se apresentarem sintomas, devem procurar imediatamente uma unidade de saúde, evitando a automedicação e a piora do quadro clínico.

Porque Manaus tá com fumaça?

O aumento sem precedentes de queimadas no Amazonas tem causado uma grave deterioração na qualidade do ar em diversas cidades do estado, incluindo Manaus.

Segundo o Sistema Eletrônico de Vigilância Ambiental (Selva), a maior parte da capital enfrenta condições de qualidade do ar “ruins” ou “muito ruins”. No total, 22 dos 62 municípios do estado estão nessa situação.

No entanto, no interior a situação é ainda mais alarmante. As cidades de Humaitá, Apuí e Nova Aripuanã enfrentam níveis de poluição tão severos que a qualidade do ar é considerada “péssima”, com índices alcançando 323, 257 e 152 pontos, respectivamente.

Em agosto, o Amazonas registrou quase 3 mil focos de queimadas nos primeiros dez dias, conforme dados da plataforma BDQueimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Esse número representa um aumento de 179,1% em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram registrados 1.019 focos de incêndio.

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Com informações da ILMD/Fiocruz Amazônia