Milhares de pessoas devem passar pelo cemitério São João Batista, na avenida Álvaro Maia, bairro Nossa Senhora das Graças, Zona Centro-Sul de Manaus, nesta quarta-feira (2), feriado do dia dos finados.

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Conforme a prefeitura de Manaus, mais de 500 mil visitantes devem passar nos 10 cemitérios, seis na área urbana e quatro na zona rural.

Os campos-santos irão funcionar de 7h às 18h, e mais de mil servidores da Secretaria Municipal de Limpeza Urbana (Semulsp) e de outras pastas municipais vão atuar no atendimento e orientação ao público.

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No campo-santo da Zona Centro-Sul, centenas de pessoas já foram visitar seus entes-queridos que partiram desse mundo, levando flores e acendendo velas.

Como é o caso da aposentada Julia Bezerra, de 71 anos, que aproveitou o retorno presencial ao cemitério para visitar a avó, que faleceu em 1989.

No dia dos finados, Júlia vai ao cemitério para visitar a avó - Foto: André Meirelles/Portal Norte
No dia dos finados, Júlia vai ao cemitério visitar a avó – Foto: André Meirelles/Portal Norte

Na ocasião, ela comentou o fato de poder voltar às visitas após dois anos de pandemia.

“Eu acredito que essa pandemia foi mandada por Deus Para fazer o povo abrir os olhos, mas parece que nem isso tá funcionando. A exemplo, é o nosso país que parece que tá vivendo uma terceira guerra mundial”, disse a aposentada.

Jorge Roque de Castro, também costuma todos os anos visitar, pais e avós e uma tia que partiu recentemente.

No dia dos finados. Jorge cuida do túmulo todos os anos - Foto: André Meirelles
No dia dos finados. Jorge cuida do túmulo todos os anos – Foto: André Meirelles/Portal Norte

Segundo o aposentado, no mesmo túmulo estão enterrados várias gerações, de seus familiares. A mãe faleceu em 2004, já o pai em 1994. O avô morreu na década de 80 e sua avó, em nos anos 90.

“Todos os anos cuido do túmulo, acendo as velas para eles. Foi triste ter que ficar esses anos de pandemia sem poder visitar, mas voltar é regozijante”, disse.

Comércio

O comércio de flores e velas no local está a todo vapor, vários comerciantes se reúnem em frente ao cemitério para aproveitar o movimento e gerar uma renda.

Alex Tierri, autônomo, que trabalha com eventos de casamento e festas, conta o que espera desse dia.

Alex Tierri, autônomo
Alex Tierri, autônomo – Foto: André Meirelles/Portal Norte

“Espera que seja bom o movimento e tomara que não caia chuva para não atrapalhar nossas vendas”, disse.

Cleomar da Silva, autônoma, aproveitou o retorno do público ao cemitério para vender flores. É o primeiro ano dela como vendedora no local.

Cleomar Silva estã trabalhando pela primeira vez - Foto: André Meirelles
Cleomar Silva estã trabalhando pela primeira vez – Foto: André Meirelles/Portal Norte

“Essa é a primeira vez que venho vender aqui e meu propósito é que hoje seja melhor as vendas”, comentou.

Transito

O monitoramento das vias no entorno dos principais cemitérios da cidade será realizado por agentes de trânsito e fiscais de transportes, do Instituto Municipal de Mobilidade Urbana (IMMU).

Conforme o IMMU, a ação visa garantir a segurança viária e facilitar o acesso dos visitantes aos cemitérios, além de manter a fluidez do tráfego.

Missas

As 7h da manhã, uma missa foi realizada na Capela do Campo-Santo. A próxima Capela está prevista para ocorrer às 17h, na Praça do Chile, em frente ao cemitério.

Visita no Cemitério Parque Tarumã

O cemitério Parque Tarumã, no bairro Tarumã, na Avenida do Turismo, na Zona Oeste de Manaus, também recebe milhares de pessoas, nesta quarta-feira. Nem mesmo a chuva afastou os visitantes, como o seu Galvão Nascimento.

Galvão Nascimento não deixou a chuva atrapalhar a visita aos entes queridos - Foto: André Meirelles/Portal Norte
Galvão Nascimento não deixou a chuva atrapalhar a visita aos entes queridos – Foto: André Meirelles/Portal Norte

“Nem mesmo a chuva impediu de eu visitar o túmulo de meu pai, que morreu em 1976. Todos os anos venho, exceto o da pandemia, cerca de dois anos sem poder estar presente. Agora nesse período, que posso visitar, vim capinar, fazer a limpeza, alumiar, acendendo as velas e fazendo as preces”, disse Galvão Nascimento, de 59 anos, empreendedor na área de engenharia.

Enterrados na pandemia

Muitas foram as vidas perdidas durante a pandemia de Covid-19 no Amazonas. No cemitério Tarumã, foi necessário abrir uma nova área para enterrar as milhares de vítimas perdidas.

No período da pandemia, as visitas estavam suspensas, mas nesse ano, a prefeitura abriu o cemitério para visitação. O que traz uma sensação de poder cuidar do túmulo daquele que partiu vítima da doença, como diz Francilene Santos.

Francilene Santos tem o dia dos finados como oportunidade para visitar aqueles que perdeu na pandemia - Foto: André Meirelles/Portal Norte
Francilene Santos tem o dia dos finados como oportunidade para visitar aqueles que perdeu na pandemia – Foto: André Meirelles/Portal Norte

“A sensação de voltar é única, a gente não teve a oportunidade de vir ano passado (2021), mas, ao mesmo tempo, a gente se consola”, disse Francilene da Silva Santos, de 29 anos, autônoma, ao visitar túmulo da avó em fevereiro de 2021, vítima da doença.

Projetos no Cemitério

Aproveitando a grande movimentação do local, várias religiões comparecem no local para fazer projetos de orientação e ajuda.

Como no caso do “Projeto Bálsamo”, da Igreja Adventista do 7 Dia, que na porta do cemitério’ distribuem livres águas gratuitamente.

“O objetivo do nosso trabalho é levar alívio e conforto às pessoas que perderam seus entes-queridos. E através desse livro, levar a mensagem de conforto, esperança e salvação. Não só o físico, mas espiritual também”, disse uma integrante do projeto. Outra Instituição religiosa, que está aproveitando a movimentação, é a igreja Universal que está com o “Projeto Consolador”.

Segundo o coordenador do Projeto no Amazonas, pastor José, “o objetivo é levar uma palavra de consolo a pessoas que já perderam seus entes-queridos. Esse trabalho é feito a cada 15 dias em todos os cemitérios. E hoje em especial, do dia dos finados, a gente tem o objetivo de fazer esse trabalho para orientar as pessoas que podem evitar um processo de depressão, ao pensar que a vida acabou quando perde esse familiar”.

Cruzeiro

Pessoas acendendo vela no dia dos finados em Cruzeiro - Foto: André Meirelles/Portal Norte
Pessoas acendendo vela no dia dos finados em Cruzeiro – Foto: André Meirelles/Portal Norte

O Cruzeiro do Tarumã, reúne várias pessoas que comparecem ao local para acender velas e fazer preces para aqueles entes-queridos que foram enterrados em outro município.

A costureira Ana Maria, de 57 anos, que teve o pai sepultado em Parintins, em 1988, utiliza o Cruzeiro para fazer a homenagem ao pai.

“Sempre que eu posso venho prestar essa homenagem a ele. Nem todo ano dá pra eu viajar lá para parintins, e é por isso eu venho aqui fazer a minha parte”, disse a costureira.

Os Cruzeiros são as enormes cruzes construídas nos cemitérios. Costumam ficar em região estratégica, normalmente na parte central, e dividem os quadrantes do local.

Comércio

Vários vendedores ambulantes aproveitaram o grande movimento no local para vender água, flores, velas e lanches.

Além disso, uma grande floricultura, em frente ao Cemitério Tarumã, oferece várias opções de flores e utensílios que pode ser utilizados na hora de prestar as homenagens aos que se foram.