O desmatamento no território brasileiro superou 2 milhões de hectares em 2022 e cresceu 22,3% na comparação com o ano anterior. Os dados foram divulgados nesta segunda-feira (12) e constam no mais recente Relatório Anual de Desmatamento, feito pelo MapBiomas.

O relatório é uma iniciativa do Observatório do Clima em parceria com universidades, ONGs e empresas de tecnologia.

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Os dados mostram ainda que, entre 2019 e 2022 – período do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) -, foram registrados mais de 300 mil eventos de desmatamento no Brasil.

Cerca de 6,6 milhões de hectares foram destruídos em todo o território nacional no período, o que corresponde a 144% de todo o estado do Rio de Janeiro.

Vale destacar que o desmatamento cresceu em cinco dos seis biomas brasileiros em 2022, se comparado com 2021, sendo eles, Amazônia, Cerrado, Pantanal, Pampa e Caatinga. Apenas na Mata Atlântica não teve alteração.

Os maiores aumentos ocorreram nos biomas Amazônia e Cerrado, que juntos responderam por 90% da área desmatada no país em 2022.

Dos 5.5570 municípios brasileiros, 62% tiveram alertas de desmatamento no ano passado, mas apenas 50 deles responderam por 52% da mata total destruída no Brasil.

O município de Lábrea, no Amazonas, com 62.419 hectares desmatados, superou a área desmatada do município de Altamira no Pará, campeão de área desmatada nos últimos três relatórios”.

Líder em desmatamento

Assim como em anos passados, o estado do Pará liderou o ranking de 2022, com 22,2% da área desmatada do país, seguido pelo Amazonas, com 13,3%.

É no sul do Pará que se concentra o maior desmatamento causado pelo garimpo. Entretanto, apesar dos grandes danos, esse tipo de mineração respondeu por apenas 0,3% do total de supressão de vegetação nativa em 2022 no país.

Segundo o relatório, a agropecuária lidera e respondeu por 95,7% do total desmatado no Brasil em 2022, consolidando-se como setor que mais destrói o meio ambiente

Indígenas protegem o meio ambiente

Um dado que reforça a necessidade de proteção das terras indígenas (TIs) é que, na contramão do resto do país, o desmatamento caiu dentro delas ao longo dos anos. Em 2022, as TIs responderam por apenas 1,5% do total de área desmatada do país; em 2019, esse percentual era de 3,3% do total. Por outro lado, 8,9% da área desmatada em 2022 aconteceu dentro de alguma Unidade de Conservação no Brasil, o que é proibido.

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Fiscalização

O relatório também chama a atenção para a necessidade de maior fiscalização: em 2022, mais de 99% da área desmatada no Brasil tiveram pelo menos um indício de irregularidade. Pelas leis brasileiras, é obrigatório ter autorização para desmatamento legal no Brasil.

Ao cruzar os dados de desmatamento autorizados, que respeitam a Reserva Legal, Áreas de Proteção Permanente, nascentes e sem sobreposições com áreas protegidas, observa-se que apenas 0,7% da área atende aos critérios estabelecidos pelos especialistas para indícios de legalidade.