Uma pesquisa revelou as árvores plantadas reduziram significativas a mortalidade não acidental e cardiovascular, no Estado de Oregon, nos Estados Unidos.

É o que revelou o estudo, co-liderado pelo Barcelona Institute for Global Health (ISGlobal), instituição apoiada pela Fundação ”la Caixa”, juntamente com o USDA Forest Service, e publicado na Environment International.

+ Envie esta notícia no seu WhatsApp

+ Envie esta notícia no seu Telegram

Nos últimos 30 anos, a organização sem fins lucrativos Friends of Trees plantou árvores nas ruas de Portland.

Os pesquisadores estimam que os benefícios econômicos anuais do plantio de árvores excedam em muito o custo de mantê-las.

Árvores na rua

Evidências que apontam para uma associação entre exposição à natureza e menor mortalidade estão se acumulando.

“No entanto, a maioria dos estudos usa imagens de satélite para estimar o índice de vegetação, que não distingue diferentes tipos de vegetação e não pode ser traduzido diretamente em intervenções tangíveis”, diz Payam Dadvand, pesquisador do ISGlobal e autor sênior do estudo.

Assim, os autores aproveitaram um experimento natural ocorrido na cidade de Portland como base para o estudo.

Entre 1990 e 2019, a organização Friends of Trees plantou 49.246 árvores de rua na cidade e mantiveram os registros de onde e quando as árvores foram plantadas.

Assim, a equipe de pesquisa analisou o número de árvores plantadas em uma determinada área (especificamente, uma faixa de censo, onde vivem aproximadamente 4.000 pessoas) nos últimos 5, 10 ou 15 anos.

RELACIONADAS

+ ‘Reclamamos do calor e derrubamos árvores’, dizem ambientalistas sobre futuro de Manaus

+ Entenda a importância das árvores para nosso planeta

+ Cerrado registra aumento no desmatamento de 25% em 2022, no Brasil

+ Desmatamento: lei aprovada pela UE é marco histórico, diz OC

Eles então associaram essa informação à mortalidade por causas cardiovasculares, respiratórias ou não acidentais nessa mesma área, usando dados da Oregon Health Authority.

Os resultados mostram que nos bairros onde mais árvores foram plantadas, as taxas de mortalidade (mortes por 100.000 habitantes) foram menores.

Essa associação negativa foi significativa para mortalidade cardiovascular e não acidental (ou seja, todas as causas excluindo acidentes), principalmente para homens e pessoas com mais de 65 anos.

Além disso, a associação ficou mais forte à medida que as árvores envelheceram e cresceram: a redução na taxa de mortalidade associada às árvores plantadas 11-15 anos antes (30%) foi o dobro daquela observada nas árvores plantadas nos 1-5 anos anteriores (15%).

Isso significa que as árvores mais velhas estão associadas a maiores reduções na mortalidade e que a preservação das árvores maduras existentes pode ser particularmente importante para a saúde pública.

Árvores mais velhas, mais saúde

O estudo não fornece uma visão direta sobre como as árvores melhoram a saúde.

No entanto, a descoberta de que as árvores grandes têm um impacto maior na saúde do que as menores é reveladora, porque as árvores maiores absorvem melhor a poluição do ar, moderam as temperaturas e reduzem o ruído, três fatores ligados ao aumento da mortalidade.

“Observamos o efeito em bairros verdes e menos verdes, o que sugere que o plantio de árvores nas ruas beneficia ambos”, diz Geoffrey H. Donovan, do Serviço Florestal do USDA e primeiro autor do estudo.

A análise levou em consideração outros fatores que podem influenciar a mortalidade, como renda, escolaridade e composição racial dos bairros.

Custo benefício

Finalmente, de acordo com as estimativas dos autores, os benefícios do plantio de árvores superam em muito o custo: o custo anual de plantar e manter uma árvore urbana em cada uma das 140 áreas censitárias de Portland varia entre US$ 3.000 e US$ 13.000, enquanto gera cerca de 14,2 milhões de dólares anualmente em vidas salvas.

“Nossos resultados fornecem uma importante base de evidências para intervenções tangíveis (por exemplo, plantio de árvores) para aumentar a longevidade dos residentes urbanos”, conclui Dadvand.

Um estudo brasileiro recente da Esalq criou uma nova metodologia para calcular o valor aproximado que as árvores geram em serviços ecossistêmicos para a sociedade.