Depois de dois dias de julgamento, o acusado pelo ataque cometido em 4 de maio de 2021 em uma creche de Saudades, município de Santa Catarina, foi condenado a 329 anos e quatro meses de prisão, em regime fechado.

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A informação foi divulgada pelo Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC) na noite de quinta-feira (10).

O homem já se encontrava preso preventivamente desde o dia em que cometeu o crime.

No dia da tragédia, ele golpeou e matou duas professoras e três bebês, menores de 2 anos.

Outra criança, de 2 anos, também atingida, mas conseguiu sobreviver.

Segundo o TJSC, o agressor foi denunciado por 19 crimes de homicídio, entre consumados e tentados.

O processo tramitou em segredo de justiça na comarca de Pinhalzinho.

Julgamento e leitura da sentença

A sentença foi lida pouco depois das 20 horas pelo juiz Caio Lemgruber Taborda, que presidiu a sessão, em um momento que envolveu tensão e alívio entre as pessoas reunidas.

O júri popular começou na quarta-feira (9).

O réu também foi condenado ao pagamento de indenização às vítimas.

Os valores fixados foram em R$ 500 mil para cada família de vítima falecida, R$ 400 mil para a família do bebê que foi socorrido a tempo de se recuperar e R$ 40 mil para cada uma das 14 vítimas de tentativa de homicídio.

Ao todo, foram analisados os cinco homicídios consumados e as 14 tentativas de homicídio.

Conforme o tribunal, os detalhes dos crimes foram discutidos durante a votação dos quesitos.

Foram 145 perguntas explicadas pelo juiz para resposta dos jurados.

As opções entre ‘sim’ e ‘não’ embasaram a elaboração da sentença.

“As qualificadoras de motivo torpe, uso de meio cruel e emprego de recurso que dificultou a defesa das vítimas foram admitidas pelo conselho de sentença. Também foi reconhecido aumento de causa pelo fato de algumas vítimas serem menores de 14 anos de idade”, afirmou o TJSC.

Durante o júri, foram ouvidas três vítimas, três testemunhas de acusação e três testemunhas de defesa.

O conselho de sentença esteve composto de seis mulheres e um homem.

Sensação de alívio e justiça

Conforme o TJSC, uma das vítimas, que não teve o nome revelado, disse que a condenação não traz as crianças e colegas de volta, mas traz sensação de segurança para os moradores da cidade.

“A Justiça foi feita. Estou me sentindo aliviada por entender que a condenação dele servirá de exemplo para outros que consideram cometer crimes semelhantes. Precisamos observar nossas crianças e adolescentes para auxiliá-los em dificuldades emocionais e psicológicas, para um convívio social mais saudável e harmonioso”, desabafou ao final do júri.

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Relembre o caso

Na manhã do dia 4 de maio de 2021, o acusado entrou em uma creche no município de Saudades, em Santa Catarina. O município fica aproximadamente 60 km de Chapecó.

Com uma adaga em mãos, ele golpeou fatalmente duas professoras e três bebês. Outra criança, também com menos de dois anos, foi socorrida a tempo de se recuperar.

Conforme a polícia, na época, o autor do crime foi à creche Pró-Infância Aquarela, no centro da cidade, de bicicleta, por volta das 10 horas.

Ao entrar na escola, ele começou a atacar uma professora de 30 anos que, mesmo ferida, correu para uma sala onde estavam quatro crianças e uma funcionária da escola, na tentativa de alertar sobre o perigo.

O rapaz, então, atacou as crianças que estavam na sala e a funcionária da escola.

Duas meninas de menos de 2 anos e a professora morreram no local.

Outra criança e a funcionária morreram no hospital. Uma outra criança, de 2 anos, também foi ferida, mas conseguiu sobreviver.

Vítimas da tragédia:

  • Keli Aniecevski, de 30 anos, era professora na escola. Mesmo ferida, tentou evitar que o jovem chegasse às salas onde estavam as crianças;
  • Mirla Renner, de 20 anos, era agente educativa. Estava com as quatro crianças em uma das salas onde o rapaz entrou;
  • Sarah Luiza Mahle Sehn, de 1 ano e 7 meses;
  • Murilo Massing, de 1 ano e 9 meses;
  • Ana Bela Fernandes de Barros, de 1 ano e 8 meses;
  • Procurada pela reportagem, a defesa do acusado não foi localizada. O espaço permanece à disposição.