Pesquisa publicada na última sexta-feira (13), pelas especialistas em Desenvolvimento Regional e Ciências do Ambiente da Universidade Federal do Tocantins Temis Parente e Aline de Sousa analisa o empoderamento de mulheres artesãs extratoras do capim dourado.
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A pesquisa remonta o artesanato com capim dourado na região do Jalapão como uma atividade econômica relevante e majoritariamente feminina desde a década de 90, impulsionado pela grande procura dos visitantes pelos produtos confeccionados com a planta.
Mas foi apenas a partir dos anos 2000 que o governo estadual, em parceria com a Fundação Cultural do Tocantins e o Sebrae, estimulou a criação de associações de artesãos, favorecendo o desenvolvimento coletivo da atividade.
As pesquisadoras observaram que essa produção artesanal é “uma alternativa de renda em uma região marcada por escassez de oportunidades de trabalho tanto para homens quanto para mulheres”, afirmam.
A pesquisa defende que por meio do estímulo ao turismo na região e do reconhecimento do valor do artesanato do capim dourado essa realidade poderá ser transformada, impactando as condições de vida de muitas famílias residentes no Jalapão.
Biodiversidade na arte e nas passarelas
Recentemente a Secretaria da Cultura do Tocantins listou nove matérias-primas da biodiversidade tocantinense.
Entre as mais utilizadas por artistas locais destacam-se o capim dourado, babaçu, barro, cristal, ouro, madeira, buriti, jatobá e palha de milho.
O estilista e artista plástico amazonense Helerson Maia, membro da direção criativa do Festival de Parintins e figurinista do Miss Brasil em três edições, veio ao Tocantins em busca do elemento que será o tema central de sua próxima coleção: o capim-dourado.
Maia visitou a região de extrativismo do capim e diz estar apostando no potencial do capim para incrementar sua coleção. “Eu lanço algumas coleções cápsulas antes do festival folclórico para comercialização e parcerias. Minha coleção desse ano é baseada no capim dourado. Vai ser a cereja do bolo, eu estou apostando muito nisso”.
O artista defende a integração desses elementos naturais regionais como uma “peça conceito” na moda e não fantasias.
Helerson afirma trabalhar para fazer com que matérias-primas regionais sejam reconhecidas como elementos da moda
“O objetivo é fazer com que aquele material que a gente tem por lá seja pensado para que, no final das contas, esteja integrado com a moda. E moda não é só se cobrir, é se comunicar”.
Artistas e artesãs resgatam ancestralidade
Pensando no elemento comunicador da moda e da arte, designers, artistas e artesãos do Tocantins se uniram para montar a primeira Semana de Design de Palmas em valorização da identidade artística e da biodiversidade local.
A jornalista e designer de interiores Renata Brum participou do evento e buscou reproduzir a ancestralidade da cabaça, objeto utilizado pela comunidade indígena, quilombolas, ribeirinhas e outras.
“Tive a ideia de reproduzir essas cabaças no barro e no capim dourado. E aí surgiu as ‘Cabaças’, feitas por materiais daqui, né? Raízes tocantinenses, vamos dizer, materiais naturais.” Renata trabalhou em parceria com as mestres artesãs Maria Elza e Duvalina.
Iniciativas como essa fortalecem o artesanato regional, responsável pelo sustento das comunidades extratoras.
A obra também esteve exposta nesta edição da CASACOR Tocantins, que prestigia o trabalho de artistas regionais e vai até o dia 29 de outubro.
Renata comenta que sua ideia era reproduzir a cabaça pelas mãos de artesãs tocantinenses justamente por fazer esse elo dos materiais locais com o trabalho delas.
Para ela essa escolha permitiu traçar a trajetória da cabaça desde objeto utilitário até conquistar a posição de obra de arte, seja “de objeto decorativo, ou de design. Do design de Palmas”, enfatiza.
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