Os advogados de defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) traçaram mais uma estratégia para defender o cliente em nova investigação da Polícia Federal.

Os argumentos buscam retirar Bolsonaro do foco do esquema de fraudes em seu cartão de vacina e de pessoas próximas e de outras acusações como associação criminosa, corrupção de menores e entre outros.

Após operação da Polícia Federal (PF) na última quarta-feira (3), a defesa deve seguir a mesma orientação usada nas apurações da PF no caso das joias sauditas e do envolvimento nos atos de 8 de janeiro.

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Assim, devem manter a versão de que o ex-presidente agiu dentro da legalidade, não sabia de qualquer esquema e, que não teria de fato se vacinado, além de insistir na tese de que há indícios de ataques hackers no usuário de Bolsonaro no ConecteSUS.

Quanto à viagem aos Estados Unidos, a defesa deve manter a versão de que o ex-presidente não precisou apresentar comprovantes para viajar para o exterior, pois deixou o país ainda na condição de presidente, usando o avião oficial da Força Aérea Brasileira e com autorização presidencial.

Defesa

Em uma primeira entrevista, o advogado de defesa de Bolsonaro, Marcelo Bessa, chamou a Operação Venire, determinada por Alexandre de Moraes após pedido da PF, de “arbitrária”. 

Em seguida, o advogado e assessor especial do ex-presidente, Fábio Wajngarten, disse que Bolsonaro nunca teve passaporte cobrado para entrar nos Estados Unidos e que ele iria se pronunciar assim que tivesse acesso aos autos.

O ex-presidente após a operação da PF que realizou busca e apreensão em sua residência para a investigação de suposta fraude em cartão de vacina, foi convocado a prestar depoimento, mas não compareceu.

Em fala aos jornalistas na porta de sua casa no Jardim Botânico, em Brasília, Bolsonaro voltou a afirmar que não tomou a vacina da Covid-19, após ler a bula da vacina Pfizer.

Além disso, o ex-presidente também afirmou que sua filha Laura Bolsonaro, de 12 anos, também não se vacinou e que apenas a ex-primeira-dama Michelle havia se imunizado.

“O objetivo da busca e apreensão na casa do ex-presidente Jair Bolsonaro, cartão de vacina. O que eu tenho a dizer, eu não tomei a vacina, foi uma decisão pessoal minha. O cartão de vacina da minha esposa também foi fotografado, ela tomou a vacina nos EUA e a minha filha Laura também não tomou a vacina, de resto eu fico surpreso com uma busca e apreensão por esse motivo, não tenho mais nada para falar”, disse o ex-presidente.

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Suspeita de fraude

A filha de Bolsonaro é uma das pessoas ligadas a Bolsonaro, sob suspeita de fraude no cartão de vacinação, de forma a manipular os dados para parecer que havia sido imunizada.

Documentação que embasou a prisão de aliados bolsonaristas, como o ex-ajudante de ordens Mauro Cid, foi liberada por Alexandre de Moraes, tornou-se público que o usuário de Bolsonaro no aplicativo ConecteSUS, do Ministério da Saúde, emitiu ao menos quatro vezes certificados de vacinação contra a Covid-19 que seriam do ex-presidente.

Segundo a PF, um grupo próximo a Bolsonaro, incluindo seu ex-ajudante de ordens Mauro Cid, teria emitido certificados falsos de vacinação para pessoas que não tinham sido imunizadas a fim de que elas pudessem viajar e acessar locais onde a imunização era obrigatória.

“Jair Bolsonaro, Mauro Cid e, possivelmente, Marcelo Câmara tinham plena ciência da inserção fraudulenta dos dados de vacinação, se quedando inertes em relação a tais fatos até o presente momento”, diz a PF.