O Ministério Público de Goiás (MPGO) deflagrou nesta terça-feira (18) a segunda fase da Operação Penalidade Máxima, que investiga a manipulação no resultado de jogos de futebol.

Pelo menos 10 partidas estão na mira dos promotores – sendo cinco do Brasileirão -, entre as quais, o duelo entre Botafogo e Santos, pela 37ª rodada do ano passado.

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A operação é conduzida pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e a Coordenadoria de Segurança Institucional e Inteligência (CSI).

As suspeitas são de que uma organização criminosa tenha atuado em pelo menos cinco jogos da Série A do Brasileiro de 2022, além de outras cinco partidas em estaduais deste ano.

Os jogos investigados aconteceram nos campeonatos goiano, gaúcho, mato-grossense e paulista.

Mandados expedidos

A operação conta com o apoio do Ministério Público e das Polícias Civil, Militar e Penal de seis estados, onde foram cumpridos três mandados de prisão preventiva e 20 de busca e apreensão.

Um dos apostadores presos na primeira fase da operação, Bruno Lopes de Moura, foi detido novamente nesta terça (18), em São Paulo.

Nove jogadores foram alvos de busca e apreensão. O site GE divulgou alguns nomes investigados.

São eles: o zagueiro Victor Ramos, da Chapecoense, o lateral-esquerdo Igor Cariús, do Sport, o meia Gabriel Tota, ex-Juventude e atualmente no Ypiranga-RS, e o zagueiro Kevin Lomónaco, do Bragantino.

Caso começou a ser investigado este ano

As investigações começaram em fevereiro deste ano, a partir de suspeitas em jogos da Série B de 2022.

Mas na medida em que foi avançando, os promotores identificaram outros casos suspeitos na Série A e nos estaduais.

Ainda segundo o MPGO, a quadrilha atuava assediando jogadores a provocarem situações em jogo que renderiam ganhos em apostas.

Os promotores estimam que as ofertas dos aliciadores aos atletas variavam entre R$ 50 mil e R$ 100 mil.

Entre as situações suspeitas de serem forjadas estão assegurar a punição a determinado jogador por cartão amarelo, cartão vermelho e o cometimento de penalidade máxima.

Os jogadores também asseguravam o número de escanteios durante a partida e, até mesmo, o placar de derrota de determinado clube no intervalo da partida.

Há indícios de que as condutas visavam a obtenção de grandes lucros em sites de casas de apostas, usando contas cadastradas em nome de terceiros, para aumentar os rendimentos.

Zagueiro do Santos teria provocado expulsão

A partida suspeita de manipulação foi vencida pelo Glorioso por 3 a 0, no Estádio Nilton Santos, no dia 10 de novembro.

No entanto, o alvo da investigação foi a conduta do jogador Eduardo Bauermann, do Santos, que teria sido aliciado a tomar cartão vermelho.

O zagueiro, que continua no clube santista, foi expulso após o apito final nos minutos finais, quando o placar já estava sacramentado.

Eduardo Bauermann, em dividida com jogador do Botafogo, é suspeito de ter sido aliciado por apostadores – Foto: Vitor Silva/BFR/divulgação

CBF se pronuncia sobre o caso

A CBF repudiou possíveis interferências nos resultados dos jogos e enfatizou o apoio a todas ações que tenham como objetivo trazer transparência e lisura das competições.

Veja a íntegra do posicionamento da CBF:

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) apoia toda e qualquer ação legal que traga transparência e lisura aos campeonatos que organiza e a todo o esporte brasileiro.

A CBF investe uma quantia importante e vultosa no rastreamento e monitoramento de partidas, através da Sport Radar, empresa que atua também para a FIFA e a Conmebol e é mundialmente conhecida por sua expertise neste tipo de trabalho.

Isso não acontece somente nas competições que a CBF realiza. A entidade também custeia o mesmo serviço para todas as federações do Brasil.

Interferências externas em resultados ou em situações de jogo são uma epidemia global que, para ser solucionada, precisa punir de forma exemplar e urgente, os responsáveis por essa prática nefasta.

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Posicionamento do Botafogo

O Portal Norte conversou com a assessoria de comunicação do Botafogo que informou que nenhum atleta ou profissional do clube foi citado na denúncia.

Por conta disso, o Alvinegro não vai se manifestar sobre a situação, por enquanto.

Posicionamento do Santos

O Santos divulgou uma nota sobre a Operação Penalidade Máxima, na qual se coloca contra qualquer tipo de manipulação de resultados de jogos.

O clube ainda afirma que confia nos atletas e vai aguardar as conclusões para se pronunciar legalmente, caso entenda que haja necessidade.

Confira a íntegra do texto:

Nesta terça-feira (18), o Santos Futebol Clube tomou conhecimento, pela mídia, da segunda fase da Operação Penalidade Máxima, na Série A, e reforça o seu posicionamento totalmente contrário a qualquer envolvimento com manipulação do andamento natural da partida.

Reiteramos confiança total em nossos atletas, prezamos pela ética e pela moral do Clube e não concordaremos com atitudes totalmente antidesportivas.

Até o momento, o Santos não foi procurado pelas autoridades, mas se coloca previamente à disposição para colaborar com as investigações, certo de que a Justiça será feita.

O Santos acompanhará o caso e aguardará as conclusões para se pronunciar a respeito, caso seja necessário.