O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se posicionou novamente, nesta quarta-feira (26), sobre a guerra da Ucrânia.
O pronunciamento foi feito durante coletiva de imprensa conjunta de Lula com o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, em Madri, na Espanha.
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Desta vez, destacou que o Brasil “não quer entrar na guerra” e que o governo brasileiro condena a invasão territorial da Rússia na Ucrânia.
“O Brasil não quer entrar na guerra, quer entrar numa zona de paz e tentar ajudar. […] Ninguém pode ter dúvidas que nós brasileiros condenamos a violação territorial que a Rússia fez contra a Ucrânia. O erro aconteceu e a guerra começou. Não adianta ficar dizendo quem tá certo ou tá errado. Agora a gente precisa fazer a guerra parar. Porque você só vai discutir um acerto de contas quando pararem de dar tiros”, ressaltou.
De acordo com Lula, a guerra começou sem que houvesse muitas negociações e o governo brasileiro vai trabalhar para tentar negociar.
“A guerra começou sem que houvesse muitas negociações. Vou continuar falando. Celso Amorim [chefe da assessoria especial da Presidência da República] conversou com o Putin, vai viajar para a Ucrânia falar com o Zelensky. Vamos parar de guerrear e negociar, que é mais barato, cômodo, tranquilo e melhor para os seres humanos dos dois países”, disse Lula.
O representante brasileiro afirmou que o plano é criar um grupo de países que defendem a paz e conseguir o fim do conflito entre Rússia e Ucrânia. Depois que a guerra parar, as negociações vão começar, de acordo com Lula.
“Primeiro parar a guerra e depois vamos discutir. O dado concreto é que o povo tá morrendo”, afirmou.
Além disso, Lula alertou sobre a longevidade do conflito e também as consequências da guerra para outros países.
“Se a gente não tiver paz, essa guerra vai demorar para ter fim. Eu não sei o que pode acontecer com o prolongar dessa guerra, pode acontecer tudo até uma desgraça maior. Então quando a gente tem possibilidade, vamos trabalhar para ver se a gente evita isso”, afirmou.
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Críticas à ONU
Lula criticou não só a Organização das Nações Unidas (ONU), mas também os membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU – China, França, Rússia, Reino Unido e Estados Unidos.
“Vivemos num mundo muito esquisito, em que o Conselho de Segurança da ONU, os membros permanentes, são os maiores produtores de armas do mundo, os maiores vendedores e são os maiores participantes de guerra do mundo”, afirmou.
O presidente brasileiro afirmou que o órgão poderia estar trabalhando mais para promover um ambiente de diálogo e discussão para debater o conflito.
“Eu acho que a discussão sobre a guerra está errada, a ONU que me perdoe, a ONU já poderia ter convocado sessões extraordinárias para discutir a guerra”, disse.
Acordos firmados
O primeiro-ministro espanhol afirmou que além da guerra da Ucrânia, a agenda climática, acordos bilaterais entre Brasil e Espanha e a aproximação da União Europeia e Mercosul foram os principais temas discutidos durante a reunião.
“A Europa precisa agora do Mercosul […] vamos trabalhar para ultrapassar essas resistências, há países na União Europeia que têm algumas dúvidas sobre o acordo. […] Vamos trabalhar para fechar esse acordo ainda este ano”, disse Pedro Sánchez.
Em julho, Sánchez vai assumir a presidência da União Europeia e o Brasil vai ocupar a presidência semestral do Mercosul. Para o primeiro-ministro, é o momento ideal para “materializar” a aproximação entre os dois blocos econômicos.
Na manhã desta quarta-feira (26), os acordos fechados foram nas áreas da educação, trabalho e ciência e tecnologia. Confira abaixo:
- Memorando de Entendimento entre o Ministério de Universidades do Reino da Espanha e o Ministério da Educação da República Federativa do Brasil sobre Cooperação no Ensino Superior Universitário;
- Memorando de Entendimento sobre Cooperação entre o Ministério do Trabalho e Economia Social do Reino de Espanha e o Ministério do Trabalho e Emprego da República Federativa do Brasil;
- Carta de Intenções na Área de Ciência, Tecnologia e Inovação entre o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação da República Federativa do Brasil, o Ministério de Ciência e Inovação do Reino da Espanha, a Financiadora de Estudos e Projetos, o Centro para o Desenvolvimento Tecnológico Industrial do Reino da Espanha.