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PF pediu fechamento da Esplanada em 8/1, mas governo do DF se recusou

Relatório da PF revela detalhes da segurança antes dos atos de vandalismo na Esplanada dos Ministérios - Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Relatório da PF revela detalhes da segurança antes dos atos de vandalismo na Esplanada dos Ministérios - Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

A Polícia Federal (PF) pediu o fechamento da Esplanada dos Ministérios no dia 8 de janeiro deste ano, mas o governo do Distrito Federal se recusou a fechar.

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Os dados constam em relatório apresentado à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Atos Golpistas do 8 de janeiro, nesta quinta-feira (29).

Uma reunião realizada entre o diretor-geral da PF, Andrei Passos, e o então secretário adjunto de Segurança Pública do Distrito Federal, Fernando de Souza Oliveira, poderia ter evitado a invasão e a depredação das sedes dos Três Poderes.

O alto escalão da PF pediu ao governo local para impedir que a manifestação de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ocorresse na Esplanada dos Ministérios.

Os agentes federais dispunham de relatórios que comprovavam o teor golpista dos atos e a escala que a mobilização tomou nos dias que antecederam o ataque.

O apelo, no entanto, acabou recusado pelo secretário, que alegou se tratar de um ato “pacífico”.

Documento da PF

Os detalhes do encontro estão descritos num documento enviado pela Direção-Geral da PF à CPMI.

O relatório informa que também participaram da audiência na véspera dos atentados golpistas:

– a coronel da Polícia Militar, Cíntia Queiroz;

– o coordenador de contrainteligência da PF, Thiago Severo;

– o então chefe do Comando de Operações Táticas (COT).

O ofício que reconstitui a reunião é assinado pelo delegado Luiz Eduardo Navajas, que atua como chefe de gabinete de Andrei Passos.

Na reunião, Andrei manifestou preocupação com “o deslocamento de pessoas para Brasília” para participar de atos no dia seguinte.

Em outro documento enviado à CPMI, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) informou que até o dia 7 de janeiro já haviam chegado 40 ônibus ao Quartel General do Exército na capital federal e outros 105 veículos fretados, com 3.951 passageiras, estavam a caminho.

Embate

O documento ainda narra um embate de percepções a respeito do que se tratava os atos convocados para o dia 8 de janeiro.

A PF argumentou que “aquela movimentação seria, em tese, por si só um ato criminoso, pois atentaria contra o estado democrático de direito, conforme legislação de regência”. Já a Secretaria alegou “que se trataria de uma simples manifestação de cunho pacífico”.

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Dino e reunião

Sem um acordo satisfatório com o governo do DF, Andrei determinou que fosse encaminhado ao ministro da Justiça, Flávio Dino (PSB), um ofício com o relato do “cenário crítico”.

O diretor-geral da PF sugeriu a Dino que fosse realizada nova reunião com a SSP com intuito de impedir os veículos e evitar atos de vandalismo.

“O objetivo dessas pessoas seria reunir na capital federal grande quantidade de manifestantes que, dentre outras ações, teriam a intenção de “tomar o poder”, de “impedir a instalação do comunismo no Brasil”, sem determinarem, especificamente, quais ações adotariam ao chegar a esta capital federal para atingirem o seu intento”, diz o documento enviado pelo diretor-geral da PF a Dino.

No dia 7 de janeiro, Dino publicou no Twitter que conversou com o governado do DF, Ibaneis Rocha.

Em outro documento assinado no dia 6 de janeiro, a coronel Cíntia, responsável pelo planejamento da segurança dos atos, afirma que a Esplanada poderia ser fechada “mediante acionamento da SSP”.

Ao Estadão, a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP/DF) contou que “todos os fatos relacionados à operação do dia 8 de janeiro de 2023 estão em processo de apuração”.

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