Nesta quinta-feira (3), a Comissão Parlamentar de Inquérito dos Atos Antidemocráticos da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) ouviu Flávio Silvestre de Alencar, major da Polícia Militar do Distrito Federal.
O major estava encarregado de distribuir os policiais no dia 8 de janeiro e fechar a Esplanada dos Ministérios.
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Alencar foi questionado pelos deputados sobre o envio da seguinte mensagem em um grupo de policiais: “Na primeira manifestação, é só deixar invadir o Congresso”.
O relato ocorreu durante os atos do dia 8 de janeiro, em Brasília.
O militar afirmou que a mensagem foi uma “brincadeira infeliz”, que causou um “grande mal-entendido”.
Alencar informou ainda que se referia ao Fundo Constitucional do Distrito Federal (FCDF).
Além disso, ele ressaltou que não teve intenção de atentar contra a democracia.
“O comentário era uma brincadeira. Tem um ‘kkk’ [risadas] embaixo [da mensagem]. O cerne era o Fundo Constitucional, que todos sabemos ser importantíssimo para o DF. Não só para a Segurança, mas para a Saúde e a Educação”, disse o militar.
O militar reforçou ainda que o comentário não reflete a postura dele como militar.
“O intuito daquela brincadeira era: ‘Poxa, sem o Fundo Constitucional, a polícia vai ser sucateada e vai acabar sendo invadido o Congresso’. [Foi] uma brincadeira infeliz. É um grande mal-entendido. Esse comentário nunca refletiu minhas ações na PM”, concluiu o PM.
Prisões de Alencar
Alencar foi preso duas vezes pela Polícia Federal (PF), no âmbito das investigações sobre supostas omissões durante os atos do dia 8.
A 1ª prisão ocorreu no dia 7 de fevereiro, após vídeos mostrarem o major descer de um carro da PMDF e ordenar a retirada do Batalhão de Choque da lateral do Congresso Nacional.
A decisão de Alencar permitiu que os manifestantes tivessem acesso ao Supremo Tribunal Federal (STF).
O militar foi preso outra vez em maio, durante a 12 [LA1] ª fase da Operação Lesa Pátria.
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“Acredito que os motivos da minha prisão são mal-entendidos. Foi construída uma narrativa inverídica sobre a retirada das viaturas. Antes disso, eu estava ao lado do Palácio do Planalto, combatendo manifestantes, vândalos, e vi dois policiais gravemente feridos. Em determinado momento, informaram-me que acabavam as munições de baixa letalidade. Eu falei: ‘Vou do outro lado ver se consigo mais munições’. […] O aceno não era para tirar as viaturas, era para resgatar o comandante-geral”, justificou Alencar.
O depoimento vai de encontro à oitiva do militar na PF.
À época, o militar também justificou o recuo com a informação de que pretendia resgatar o então comandante-geral da corporação, coronel Fábio Augusto Vieira, e outros policiais feridos.
Em imagens de 8 de janeiro de 2023, o oficial aparece com um sangramento no rosto.