Caminhoneiros organizaram, nesta segunda-feira (31), bloqueios em diferentes estradas pelo país em protesto contra os resultados das urnas neste domingo (30), que deu vitória para o candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva.

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Conforme a Polícia Rodoviária Federal (PRF), há 47 pontos de bloqueio ou aglomeração em 11 Estados e no Distrito Federal. A corporação disse ainda estar analisando se cada um dos casos está ligado ao resultado das eleições presidenciais.

Segundo a PRF, por volta das 9h40 (de Brasília), já haviam sido registrados 70 pontos de bloqueio ou aglomeração. Às 10h10 (de Brasília), o número havia caído para 47.

“Desde ontem, quando surgiram as primeiras interdições, a PRF adotou todas as providências para o retorno da normalidade do fluxo, direcionando equipes para os locais e iniciando o processo de negociação para liberação das rodovias, priorizando o diálogo, para garantir, além do trânsito livre e seguro, o direito de manifestação dos cidadãos, como aconteceu em outros protestos”, disse a PRF.

A vitória de Lula sobre o presidente Jair Bolsonaro no segundo turno foi declarada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pouco antes das 20h (de Brasília).

Até as 10h (de Brasília), desta segunda-feira, Bolsonaro não havia se pronunciado ou reconhecido a vitória de seu adversário.

Vídeos publicados em redes sociais desde a noite de domingo, mostram caminhoneiros fechando pontos de estradas.

O presidente da Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores (Abrava), Wallace Landim, o Chorão, que liderou a greve dos caminhoneiros de 2018, disse nesta manhã, em vídeo, que não é hora de parar o país.

Ele criticou as paralisações pontuais que estão sendo feitas em algumas localidades nesta segunda-feira.

“Quero reconhecer, através da Abrava, a eleição, a democracia desse País, parabenizar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela sua vitória”, disse o líder caminhoneiro, informando que tem sido procurado nesta manhã sobre as paralisações que estão ocorrendo em alguns pontos do país.

“Não é o momento de parar esse País, vamos aceitar, isso é democracia”, afirmou.

O líder disse que pretende ter um alinhamento com o próximo governo e que vai continuar lutando pelo segmento de transporte e destacou o Projeto de Lei 1.205, do senador Lucas Barreto, que dispõe sobre o transporte de cargas.

“Isso sim vai trazer um ganho para a categoria. Nesse momento, parar o país vai prejudicar muito a economia, precisamos ter reconhecimento da democracia desse país, a vitória do presidente, muito apertada sim, mas se fosse ao contrário à esquerda também teria que entender e aceitar a vitória ao contrário”, ressaltou.

Wanderlei Alves, conhecido como Dedeco, também vê os protestos como pontuais.

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“Eu acredito que tenham o direito de protestar, só que eles têm que aceitar a democracia e não ficar travando a pista, porque está atrapalhando a vida de todo mundo. Assim como aceitamos a vitória do Bolsonaro em 2018, agora eles têm de aceitar a vitória do Lula”, disse.

“Se for uma paralisação para reivindicar algum direito da classe, a classe terá meu apoio. Se for uma paralisação política, para atrapalhar o governo do Lula, não terá o meu apoio. Acho que autoridades têm de tomar providências porque não pode cercear o direito de ir e vir das pessoas que estão na via. É assim que os bolsonaristas falavam quando a gente ia reivindicar alguma coisa contra o governo Bolsonaro. ”

Diretor-presidente do Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC), Plínio Dias disse não haver indício de paralisação ampla de caminhoneiros autônomos.

“Vi alguns vídeos e são pessoas desconhecidas e acho que também nem são caminhoneiros”, apontou.

“Com base em nosso monitoramento identificamos que não se trata de uma greve/movimento exclusivo de caminhoneiros, são movimentações individuais, pontuais e de cunho ideológico sem coordenação de entidades ou lideranças”, afirmou a Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA).

Em nota oficial, a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL) diz defender a democracia e “respeitar o resultado soberano das urnas”.

“Vivenciamos uma ação antidemocrática de alguns segmentos que não representam a categoria dos caminhoneiros autônomos de não aceitação do resultado das urnas. Precisamos respeitar o que o povo decidiu nas urnas: a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva. Esse projeto que está foi derrotado ontem”, afirma o diretor da CNTTL, o caminhoneiro autônomo de Ijuí-RS, Carlos Alberto Litti Dahmer.

Em nota, a PRF disse que “adotou todas providências para o retorno da normalidade do fluxo, direcionando equipes para os locais e iniciando o processo de negociação para liberação das rodovias”.

Veja a nota