Conhecido como “Caso Débora”, o assassinato da jovem Débora da Silva Alves, de 18 anos, teve a dinâmica revelada pela polícia do Amazonas, nesta quinta-feira (10).

Gil Romero, de 41 anos, confessou em novo depoimento à polícia ter arrancado bebê da barriga da jovem grávida e jogado no meio do rio, em Manaus.

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Ele confessou que participou ativamente do assassinato da jovem e que usou uma faca de cortar pão para retirar o feto da barriga da grávida, após ela ter sido morta.

Conforme os delegados da Especializada em Homicídios e Sequestros (DEHS), houve acareação entre José Nilson, o “Nego”, preso na semana passada, e Gil Romero.

Ainda durante a coletiva, a polícia confirmou que, em primeiro momento, o crime não contou com a participação da esposa de Romero, Ana Júlia.

Júlia, que era procurada pela polícia e teve a imagem amplamente divulgada nos veículos de imprensa, se apresentou à polícia nesta quinta, na companhia de um advogado.

A DEHS também apura a participação de um terceiro envolvido, conhecido como “Noiado”, que até o momento, ainda não foi identificado e estaria no local do crime para fazer furtos.

Dinâmica do Caso Débora

Em coletiva de imprensa, a delegada adjunta da DEHS, Déborah Barreiros, contou como foi a dinâmica do assassinato da jovem grávida.

Segundo investigação, Nego e outro indivíduo conhecido como “Noiado” frequentavam a usina onde Gil Romero trabalha e faziam furtos no local.

No dia do crime, Romero confirmou que atraiu Débora para a usina para conversarem sobre a gravidez da jovem. Na ocasião, Nego e Noiado estavam no local.

Gil e Débora discutiram dentro do carro, um Honda Civic, porque a jovem queria que o homem assumisse a paternidade do filho.

Romero contou à polícia que a jovem “estava demais, que ela já tinha recebido R$ 500 e já havia pago alguns exames”.

A delegada contou que, nesse momento, a grávida foi agredida e teria ficado desacordada, momento em que Gil sai do carro e pergunta de Nego: “Tu garante?”.

Na sequência, o comparsa respondeu “eu garanto”, conforme a acareação de ambos.

Suspeitos do Caso Débora fazem acareação em delegacia de Manaus - Foto: Reprodução/TV Norte
Suspeitos do Caso Débora fazem acareação em delegacia de Manaus – Foto: Reprodução/TV Norte

Eles pegaram uma corda que estava em uma picape Montana, que era usada por Nego, e retornaram ao carro de Gil, o Civic.

Romero confirmou que sentou no banco traseiro e, nesse momento, Nego teria questionado: “Ela é uma mulher. Ela tá grávida”.

Mesmo assim, a dupla seguiu com a execução e tirou Débora do carro, já com a corda no pescoço.

À polícia Gil contou que naquele momento “viu que fez uma besteira”.

Nego, no entanto, enfatizou “começou, agora vamos finalizar” e, na sequência, teria pisado no peito da grávida e finalizado o estrangulamento.

Após terem matado, a dupla levou o corpo da jovem até um galpão e ateou fogo, sendo que essa parte um acusa o outro.

O corpo da grávida queimado foi envolvido em um tonel (barril) e abandonado em uma área de mata nas proximidades da usina.

Após desovarem o corpo, Neguinho teria deixado o local e Gil retornado ao posto de trabalho.

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Bebê arrancado

Ao voltar para o posto de trabalho, Gil Romero teria pensado que caso o corpo da jovem fosse encontrado com o bebê, um exame de DNA o ligaria ao crime.

“Ele decidiu arrancar o bebê da barriga da mãe. Pegou uma faca de cortar pão e abriu a barriga da moça e tirou o bebê”, detalhou a delegada.

Em seguida, o suspeito pegou um saco de estopa, colocou o feto dentro, juntamente com outros materiais metálicos, e colocou no porta-malas do carro.

A polícia contou ainda que, na saída do trabalho, ele ainda teria dado carona para um vigilante, antes de seguir para a região do Porto do Ceasa.

Já no porto, ele deixou o carro estacionado, pegou o saco de estopa com o cadáver, tomou um mototáxi e seguiu para a beira do rio.

À polícia, Gil Romero disse que pegou um “catraieiro” com destino ao Careiro e, no meio do rio, teria jogado o saco com o corpo do bebê, que afundou repentinamente.

Após praticar o ato, ele retornou para casa para “dormir”. No dia seguinte, Gil contou à família que “fez uma grande besteira”, porém, sem dar detalhes.

Depois do contato, Gil Romero fugiu e foi preso no interior do Pará.

Conforme a PCAM, os suspeitos, até então, irão responder por feminicídio qualificado, aborto e ocultação de cadáver.