O Festival Justiça por Marielle e Anderson reuniu milhares de pessoas na Praça Maurá, na Zona Portuária do Rio, na noite desta terça-feira (14), quando o crime completou cinco anos.

A família da vereadora Marielle Franco e a viúva de Anderson Gomes participaram da homenagem, que reuniu dezenas de artistas, políticos, militantes e ativistas.

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A irmã da vereadora e ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, desembarcou no Rio no fim da tarde para participar do festival, que começou no início da noite e se estendeu pela madrugada.

A mãe e pai de Marielle, além de sua filha Luyara, também compareceram à manifestação, junto com a viúva do motorista Anderson Gomes, Ágatha Reis.

Entre os artistas que fizeram participações estavam os cantores Marcelo D2, Luedji Luna, Deize Tigrona, Bia Ferreira e a bateria da Mangueira, escola de samba do coração de Marielle.

As homenagens terminaram com um show do rapper mineiro, Djonga.

“Cinco anos é tempo demais. Vamos trabalhar para não precisarmos perguntar, num sexto ano, quem mandou matar Marielle e Anderson”, criticou.

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Dia de homenagens

As homenagens à vereadora começaram logo cedo, com uma missa na Igreja de Nossa Senhora do Parto, no centro do Rio.

Em seguida, um ato de protesto marcou a inauguração de uma escultura de 11 metros, do artista Paulo Nazareth, chamada de ‘Corte seco – Marielle’.

A obra pode ser acessada no Museu de Arte do Rio, na Praça Mauá, das 10h às 17h (de Brasília).

Na Câmara Municipal, no bairro da Cinelândia, parlamentares fizeram uma manifestação para cobrar soluções.

“São cinco anos sem resposta. Esse tempo viola os direitos humanos”, salientou a vereadora Monica Benício, viúva de Marielle.

A parlamentar disse que vai seguir pressionando pela elucidação do crime.

“A bancada do PSOL vai continuar lutando até o momento em que o Estado brasileiro responda quem foi que mandou matar uma vereadora negra e democraticamente eleita pela população carioca”, reivindicou.

A vereadora Monica Benício, viúva de Marielle, e outras colegas de bancada fizeram uma mnaifestação para cobrar respostas – Foto: Eduardo Barreto/Câmara do Rio/divulgação

O que se sabe do caso até agora

O assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes completou cinco anos nesta terça (14) e continua sem resposta sobre os mandantes do crime.

“Já se passaram cinco anos: é muito tempo”, desabafou Marinete da Silva, mãe de Marielle.

As investigações levaram à prisão o policial militar reformado Ronnie Lessa, por ter atirado na vereadora, e o motorista e ex-pm, Elcio de Queiroz, apontados como autores.

Nenhum dos dois ainda foi julgado pelo caso.

Mural em frente ao local onde aconteceu o crime, em 14 de março de 2018 – Foto: Mellyna Reis

Desde 2018, quando o crime foi executado, cinco delegados da Delegacia de Homicídios do Rio de Janeiro estiveram à frente das investigações.

No Ministério Público Estadual, três equipes diferentes atuaram no caso ao longo desses anos.

A última mudança aconteceu há 10 dias, quando o procurador-geral de Justiça, Luciano Mattos, escolheu sete novos promotores para integrar a força-tarefa.

A coordenadação é de Luciano Lessa, chefe do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco).

Essas trocas constantes de comando nesses cinco anos, receberam críticas de familiares e movimentos sociais, levantando a suspeitas de obstrução nas investigações.

“Hoje, o mundo inteiro quer saber quem mandou matar Marielle. Isso não é uma questão a ser resolvida apenas para a família”, ressaltou a mãe da vereadora.

Nova reunião com o Procurador de Justiça do Rio

Nesta terça (14), representantes do Instituto Marielle Franco e familiares da vereadora se reuniram com o Procurador Geral de Justiça do Rio para cobrar respostas.

O procurador não compareceu à última reunião, que contou também com a presença de promotores do Ministério Público responsáveis pelo caso.

No dia 13 de janeiro deste ano, todos os membros responsáveis pela Força Tarefa do caso pediram exoneração.

A nova equipe, que não terá dedicação exclusiva ao caso, só foi anunciada há poucos dias.

Em nota divulgada nas redes sociais, o Instituto Marielle Franco critica a falta de acesso a informações do caso.

“Até hoje os advogados das famílias das vítimas não tem acesso à investigação dos mandantes e ninguém foi julgado ou condenado pelo crime”, publicou a entidade.

Na ponta, a presidente do Instituto Marielle Franco, Lígia Batista, acompanhada pela mãe, filha e pai de Marielle – Foto: Reprodução/Instagram @institutomariellefranco

Única sobrevivente

A ex-assessora de Marielle Franco, Fernanda Chaves, que estava no carro na hora do atentado, foi a única sobrevivente.

Segundo Fernanda, apenas o delegado que assumiu o caso entre 2018 e o início de 2019, Giniton Lages, a chamou para prestar depoimento.

Logo após anunciada a prisão dos executores, pouco antes do crime completar um ano, Giniton foi retirado do caso e enviado para fazer um curso de especialização na Itália.

Já a ex-assessora só voltou a ser procurada para falar do caso pelo Ministério da Justiça em janeiro deste ano, quando participou de uma reunião com assessores da pasta.