Pelo menos dois casos de racismo foram registrados em súmulas de jogos de futebol desde que a CBF passou a adotar punições para este tipo de ocorrência, há pouco mais de um mês.

A informação foi confirmada pelo Observatório da Discriminação Racial no Futebol, nesta terça-feira (21), quando é celebrado o Dia Internacional de Combate à Discriminação Racial.

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Ainda não há detalhes dos registros, nem em quais jogos ocorreram as situações, o que dificulta a realização de um balanço da medida adotada desde o dia 14 de fevereiro.

“Não existe um posicionamento referente a esses dois casos. A gente não consegue ter um parâmetro”.

A afirmação é do fundador e diretor executivo do Observatório, Marcelo Carvalho, em entrevista ao Portal Norte.

O projeto foi criado em 2014, com o objetivo de monitorar, acompanhar e noticiar os casos de racismo no futebol brasileiro, além de divulgar e desenvolver ações informativas e educacionais.

Anualmente, o Observatório lança o Relatório da Discriminação Racial, que também relata casos em outros esportes envolvendo atletas brasileiros.

O documento ainda contempla outras formas de preconceito e discriminação como machismo, lgbtfobia e xenofobia.

“O que a gente tem acompanhado é um aumento significativo das denúncias de racismo no futebol brasileiro e a gente não tem percebido esse aumento nos julgamentos e nas punições aos casos”.

No âmbito do futebol, Marcelo Carvalho aguarda as demais etapas anunciadas pela CBF, como a criação de uma comissão para avaliar os casos registrados.

“Enquanto toda estrutura de como vai funcionar não for divulgada, seria precipitado fazer uma análise. Mas também não dá para esperar pra sempre”, alertou.

Impacto no regulamento geral de competições

A CBF instituiu as punições para os casos de racismo em todas as competições nacionais, durante a última reunião do Conselho Técnico do Brasileirão.

Com receio de haver resistência por parte dos clubes, a entidade optou por não colocar a pauta em votação.

Marcelo considerou necessário o posicionamento rígido da confederação e enxerga o atual presidente, Ednaldo Rodrigues, como um aliado na luta contra o racismo no esporte.

“É uma das poucas confederações a ter essa previsão no regulamento de competições”, salientou.

Fundador do Observatório do Racismo no Futebol, Marcelo Carvalho está confiante com as medidas adotadas pela CBF – Foto: Acervo pessoal

Expectativas

O fundador do Observatório está otimista com a adoção das medidas de enfrentamento ao racismo.

“É possível sim vislumbrar um impacto, porque os clubes vão começar a ter muito medo da punição”.

“Dessa forma eles vão começar a trabalhar com campanhas de educação, campanhas de conscientização para que não sejam punidos”, acrescenta.

Marcelo deseja que as ações não se restrinjam ao combate do racismo, mas considerem a adoção de medidas inclusivas.

“Talvez a gente comece até a ter campanhas de inclusão de pessoas negras nos departamentos, nas diretorias, nos conselhos, na parte de gestão e comando do futebol”, espera.

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Resposta da CBF

O Portal Norte entrou em contato com a assessoria da CBF para questionar sobre os casos registrados e o prazo para a criação da comissão.

No entanto, o assessor Rodrigo Paiva estava a caminho do Marrocos, onde a seleção jogará um amistoso no sábado (25), e ainda não deu um retorno.