Pesquisadores chineses desenvolveram um tecido artificial que repara lesões e restaura a função erétil em porcos.

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Com resultados promissores, os cientistas acreditam que, futuramente, a tecnologia poderá ser aplicada em homens que sofrem de disfunção erétil.

O estudo publicado na quarta-feira (4), na revista científica Cell Press, sugere que a túnica albugínea artificial (ATA, da sigla em inglês), que imita a cobertura fibrosa dos testículos que permite manter a ereção, pode ajudar a reparar lesões penianas em humanos.

“Ficamos surpresos com os resultados dos experimentos com animais, nos quais o pênis recuperou a ereção normal imediatamente com o auxílio da túnica albugínea artificial”, afirma Xuetao Shi, autor do estudo e pesquisador da Universidade Tecnológica do Sul da China.

Segundo ele, a maior vantagem é que o tecido sintético atingiu funções semelhantes às dos tecidos naturais, imitando a microestrutura deles.

“Além disso, este material não apenas copia os tecidos da túnica albugínea, mas pode se espalhar para muitos outros tecidos de suporte de carga”, acrescenta.

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A equipe de Shi investiga a produção de biomateriais para tratar problemas de saúde reprodutiva masculina, como disfunção erétil, infertilidade ou doença de Peyronie, distúrbio que costuma se manifestar por meio de fibrose no pênis, provocando deformidades no órgão e dor na ereção, e pode ocorrer após os 50 anos.

Segundo estimativas, aproximadamente 50% dos homens entre 40 e 70 anos sofre algum tipo de disfunção erétil e cerca de 5% sofrem com a doença de Peyronie, na qual o tecido cicatricial se forma na túnica albugínea.

“Percebemos que esse é um campo que tem recebido pouca atenção, embora a necessidade seja enorme”, diz o pesquisador.

Embora os médicos possam tratar pacientes com tecido de túnica albugínea fazendo remendos de outros tecidos do corpo do paciente combinado com a matriz extracelular, estes remendos apresentam desvantagens.

Para substituí-los, Shi e seus colegas desenvolveram este tecido artificial, com estrutura de fibras crespas semelhante ao tecido natural.

Apesar de sintético, o material possui propriedades biomecânicas que imitam os tecidos da túnica albugínea.

Os pesquisadores realizaram ainda experimentos de laboratório para investigar a toxicidade do tecido e sua compatibilidade sanguínea, uma vez que ele é projetado para permanecer no organismo por longo tempo.

Eles concluíram não é prejudicial para outros tecidos do corpo.

Eles, então, testaram o ATA em porcos machos com lesões na túnica albugínea e comprovaram que reparos feitos com tecido artificial restabeleceram a função erétil de forma semelhante ao do tecido peniano normal, sugerindo que o remendo substituiu com êxito a função dos tecidos naturais.

Os pesquisadores revisaram os efeitos após um mês e constataram que, embora o tecido artificial não tenha restaurado a microestrutura do tecido natural circundante, desenvolveu fibrose comparável à do tecido normal e alcançou ereção normal, após injetar solução salina no pênis.

O grupo também planeja investigar a técnica para o reparo de outros tecidos, como coração e bexiga.