Depois da conversa que o líder Yanomami, Davi Kopenawa teve ontem com a ministra Cármen Lúcia, presidente do TSE, em que pediu a ela para que coloque o processo de Antônio Denarium em pauta, argumentando que o governo dele apoia garimpeiros que levam doenças, bebidas alcoólicas, violência e outros males aos indígenas da sua reserva, eu me preocupei com a biografia da ministra em ser vista no Brasil e no mundo, como a “ministra que mantém no cargo um governador que deixa indígenas morrerem pelo garimpo que mata pessoas e destrói o meio ambiente”.

Não tenhamos dúvida de que é assim que o país e o mundo olharão para a ministra que tem em sua história, posicionamento firme e coerente sobre todos os processos que julgou e que votou. Mas, que, inexplicavelmente, tirou de pauta o julgamento de um governador até então cassado três vezes pelo TRE do seu estado. Agora, são quatro cassações, e o TSE continua a fazer mistério sobre a retomada desse julgamento.

Claro que a condenação de Denarium no TSE não é um fato certo. Mas se Cármen Lúcia optar por mantê-lo no cargo sem julgá-lo, continuará prejudicando não só os irmãos Yanomami de Davi Kopenawa, mas toda população de Roraima que vive a instabilidade de um governo que pode cair ou que não toma o rumo do equilíbrio por está com a espada da justiça sobre sua cabeça.

Isso já está maculando a imagem da ministra como juíza indecisa em que tal indecisão prejudica povos originários, um estado, e que, inevitavelmente, constará em sua biografia.