Antônio Denarium conta com a sorte de não ter entre seus opositores, quem articule com forças políticas em Brasília, o retorno do seu julgamento no TSE. Além de muito dinheiro com advogados, Denarium conta com apoio direto de gente como Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados, e de Davi Alcolumbre, futuro presidente do Senado, que, acredita-se, são os responsáveis pela súbita suspensão do seu julgamento no TSE, coincidemente, um dia após terem os dois conversado com a presidente do tribunal, Cármem Lúcia.

Nada explica o ato de Cármem Lúcia em suspender, sem justificativa alguma, o julgamento, horas depois de ter marcado sua continuação. Daí, sabendo que Lira e Alcolumbre apoiam Denarium, e que os principais interessados no seu julgamento, como Teresa Surita e Soldado Sampaio, não contam com nenhuma força política a favor deles, a incerteza de quando o TSE terá vergonha em julgar um governador quatro vezes cassado no TRE do seu estado, prevalece.

OTTOMAR E FLAMARION – Há 20 anos, Ottomar Pinto conseguiu que Flamarion Portela fosse julgado graças ao apoio que recebeu do senador mais poderoso que o país já teve: José Sarney. Flamarion está vivo para confirmar isso.

Ele conseguiu por dois anos atrasar o seu julgamento que teve resultado fulminante cassando-lhe o mandato e dando posse a Ottomar em menos de 24 horas, com ajuda de Mecias de Jesus, que presidia a Assembleia Legislativa, que não deu tempo para Flamarion recorrer ao STF.

Teresa e Sampaio não contam com senadores a favor nem de um nem do outro. Já Denarium, além dos três de Roraima, ainda tem uns e outros que são cooptados. Os advogados que trabalham nos bastidores do TSE que foram contactados sobre a viabilidade de se trabalhar a realização do julgamento, dizem que as conversas não avançaram por falta de articulação. Uns, alegam que foi por falta de dinheiro, e outros, por falta de acordos políticos.

Ottomar não tinha dinheiro, mas tinha como fazer acordos e os fez. Sarney quis e obteve a reciprocidade do saudoso brigadeiro emplacando José Clerot, na Casa Civil, e Luciano Moreira, na Educação, com a promessa de que seriam fortes candidatos à Câmara dos Deputados.

Talvez Teresa e Sampaio não saibam disso, para a sorte de Denarium.