A visita de Jair Bolsonaro a Manaus reforçou o apoio ao candidato Alberto Neto, que enfrenta uma acirrada disputa contra o atual prefeito David Almeida.
No entanto, a ausência de figuras-chave da direita local e a necessidade de unificação da base bolsonarista deixam em aberto o resultado deste segundo turno. Com críticas indiretas à gestão de David Almeida, Bolsonaro aposta na candidatura de Alberto Neto para recuperar terreno da direita pensando em 2026.
A recente visita de Jair Bolsonaro a Manaus trouxe à tona tanto as forças quanto as fragilidades da campanha de Alberto Neto (PL) na disputa pela Prefeitura de Manaus. O ex-presidente, figura central da direita brasileira, fez um esforço claro para alavancar a candidatura de seu aliado no segundo turno, enfrentando o atual prefeito David Almeida.
Entretanto, apesar do apoio de Bolsonaro, os desafios para Neto se mostram mais complexos do que um simples ato de campanha.
Bolsonaro, em seu discurso no Studio 5, destacou a importância estratégica dessas eleições. Para ele, “a vitória de 2026 começa em 2024”, colocando Manaus como peça chave para a reorganização da direita no Brasil.
Entre menções ao seu governo, como a redução do IPI, e críticas indiretas à gestão local — sem mencionar diretamente o prefeito David Almeida — Bolsonaro buscou reforçar sua narrativa de retomada de poder.
Bolsonaro põe lenha no eleitorado de Manaus
O público presente, composto em grande parte por aliados do PL, como vereadores eleitos e reeleitos, além da senadora Damares Alves (DF), demonstrou entusiasmo.
Michele Bolsonaro também subiu ao palanque, com um discurso direcionado ao eleitorado feminino, que é maioria na capital amazonense. Seu tom inflamado, apontando para uma visão apocalíptica do cenário político atual, reforçou o apelo conservador da campanha.
Porém, apesar da presença de figuras nacionais, a ausência do Coronel Menezes, que havia declarado apoio à chapa de Alberto Neto, gerou burburinhos nos bastidores. Menezes, um personagem politico com apelo bolsonarista na região, tem evitado se expor ao lado de Neto, levantando dúvidas sobre a real coesão da direita local.
A divisão interna da base de apoio ao ex-presidente parece ser um dos maiores obstáculos para Neto, que precisa de uma unificação da direita para alavancar sua campanha neste segundo turno.
Outra mudança significativa foi a maior participação de Débora Menezes e do Delegado Péricles, que haviam mantido distância durante o primeiro turno. Agora, ambos se empenham em aparecer ao lado do candidato, tentando resgatar a força da chapa Alberto Neto e Maria do Carmo.
Contudo, esse movimento tardio não apaga a percepção de que a direita se dividiu no primeiro turno, e óbvio, há quem veja esse momento, como o tudo ou nada para os bolsonaristas, que ficaram distantes do palanque de Alberto Neto no 1° turno, mas, acreditam que hora de virar a página, pelo menos nas entrelinhas.
Campanha acirrada
A presença de Bolsonaro em Manaus sugere que a campanha de Alberto Neto precisa de um impulso decisivo para tentar equilibrar a disputa pegada com David Almeida. A aposta no ex-presidente reflete uma estratégia clara de mobilizar a base bolsonarista na cidade, mesmo que alguns da direita relutem em apoiar o candidato do PL na capital amazonense.
Faltam, até o momento, sinais de uma união efetiva em torno da candidatura de Neto, algo essencial para seu sucesso eleitoral.
O desfecho desse segundo turno em Manaus não depende apenas do apoio de Bolsonaro, mas da capacidade de Alberto Neto de unir uma direita que ainda ressoa no ceticismo de que se a mudança para o Capitão é ponto favorável ou não.
Pelos menos nesse sentido, Bolsonaro e Michele fizeram sua parte, o resultado final disso, veremos no dia 27/10, pouco menos de 11 dias.