O primeiro debate do segundo turno entre David Almeida (Avante) e Capitão Alberto Neto (PL), transmitido pela TV Norte Amazonas, expôs pontos sensíveis nas estratégias de ambas as chapas.

O confronto direto entre os vices trouxe à tona questões que afetam a imagem dos candidatos, colocando em destaque temas como moralidade fiscal e a condução da saúde pública no município de Manaus.

Maria do Carmo Seffair, vice de Alberto Neto, admitiu publicamente possuir uma dívida milionária de IPTU, justificando que, em sua visão, é mais importante pagar os funcionários do que quitar o débito com a prefeitura.

Segundo ela, a dívida é judicializada, o que, em sua interpretação, seria uma prática comum. Esse posicionamento, no entanto, trouxe um problema para a campanha de Alberto Neto, que baseia grande parte de seu discurso na defesa de uma gestão pública moral e de respeito às regras fiscais.

A questão do IPTU surgiu após acusações mútuas entre os vices. Maria do Carmo acusou Renato Júnior, vice de David Almeida, de envolvimento em fraudes em licitações, ao que Renato respondeu apontando a dívida da vice de Neto com o município.

A troca de acusações levou Maria a admitir parte da dívida, mas sua justificativa – priorizar os funcionários em detrimento do pagamento de impostos – cria um paradoxo com a narrativa de responsabilidade fiscal que Alberto Neto vem adotando ao longo da campanha.

O impacto dessa declaração vai além da simples confissão de inadimplência. O pagamento de impostos, especialmente o IPTU, é uma das principais fontes de recursos para obras de infraestrutura que beneficiam a população, como asfaltamento de ruas e construção de pontes.

A vice de Alberto Neto, ao relativizar a importância desse pagamento, coloca em xeque a mensagem de seu candidato, que promete uma gestão focada no coletivo e no bem-estar da cidade. Para muitos eleitores, o episódio pode ser visto como um mau exemplo vindo de uma figura que deveria representar a responsabilidade cívica.

Enquanto isso, do outro lado, David Almeida manteve uma postura reativa e tentou capitalizar politicamente sobre o episódio.

Em resposta às críticas de Alberto Neto sobre a saúde pública, David lançou um desafio durante o debate: afirmou que renunciaria ao mandato caso faltasse dipirona nas unidades de saúde, uma questão levantada por Neto.

David argumentou que há mais de um milhão de comprimidos em estoque, demonstrando um aparente controle da situação e reforçando a defesa de sua gestão.

O debate seguiu um formato dinâmico, com os candidatos trocando farpas durante todo o programa. As discussões sobre infraestrutura e mobilidade urbana foram as mais destacadas, mas a questão da saúde e a moralidade fiscal acabaram sendo os temas que mais chamaram a atenção do público.

David defendeu os avanços de sua administração, mencionando o enfrentamento da pandemia e das crises hídricas como desafios superados, enquanto Alberto Neto criticou o que considera promessas não cumpridas, ironizando o “sonho” de cidade que David pretende vender aos eleitores.

No geral, o debate serviu para revelar fragilidades nas campanhas de ambos os candidatos.

De um lado, David Almeida enfrenta o desafio de manter sua credibilidade em áreas sensíveis, como a saúde pública, enquanto Alberto Neto terá que lidar com a contradição gerada pela confissão de inadimplência de sua vice, um episódio que pode contaminar o discurso de moralidade que a chapa tenta promover.

O eleitorado de Manaus terá que ponderar se essas questões pontuais serão decisivas na escolha do próximo prefeito da capital.