A presença de Alberto Neto (PL) no segundo turno contra o atual prefeito, David Almeida, surpreendeu alguns analistas e desafiou as previsões de institutos que compunham um quórum absoluto em favor do candidato do União Brasil.
Embora o candidato tenha seus méritos, essa ascensão meteórica se deve, em grande parte, a uma sequência de erros estratégicos cometidos pelos adversários na reta final da campanha, erros que o empurraram para a posição de protagonista que ele tanto almejava, mas que, até então, parecia um sonho distante.
A desarticulação começou com o enfraquecimento de Roberto Cidade (UB), candidato apoiado pelo governador Wilson Lima, cujos aliados começaram a perder força e coesão na véspera do primeiro turno.
Essa desmobilização enfraqueceu a confiança do eleitorado no slogan de sua campanha:
“Estou é pronto”.
Mas pronto para quê? A incerteza foi lançada e, sem uma resposta clara, Cidade perdeu tração entre os eleitores.
Os adversários, na tentativa de minar a força de Cidade, acabaram exagerando nas críticas sobre questões de uma disputa paralela e, com isso, erraram o alvo.
Ao invés de somente enfraquecer Cidade, acabaram por facilitar o avanço de Alberto Neto, construindo pontes involuntárias que o levaram ao segundo turno. Ao derrubar um, fortaleceram o outro, um erro tático repetido por todas as campanhas.
Agora, o prefeito David Almeida enfrenta um desafio inesperado. Seu novo oponente é alguém que conseguiu capitalizar as falhas alheias e moldar seu próprio caminho até o segundo turno.
Alberto Neto representa uma ameaça significativa, com uma base de apoio que mistura elementos religiosos, moralismo conservador e estratégias de comunicação que manipulam a opinião pública com ataques e desinformação.
A eleição, que parecia previsível, tornou-se uma nova batalha em que valores e visões de futuro muito diferentes estão em jogo.
Nesta reta final, Manaus se vê dividida entre dois projetos políticos distintos. A disputa entre David Almeida e Alberto Neto não será apenas uma escolha entre dois candidatos, mas entre dois modelos de cidade e até de país. O embate de ideias, valores e estratégias promete ser acirrado, exigindo não apenas habilidade política, mas uma leitura cuidadosa dos desejos e receios do eleitorado.