A morte de Rosimar Santos de Oliveira, de 45 anos, da etnia Baré, em Barcelos poderia ter sido evitada se os órgãos que cuidam da saúde e de procedimentos sociais dos indígenas observassem a simples realidade: a de que, ao concederem benefícios financeiros, como o Bolsa Família, Pensão por Morte ou Auxílio-Doença em sedes de municípios, provoca uma movimentação grande de comunidades distintas para receberem os pagamentos, e geralmente, parte dos indígenas acaba comprando bebidas alcoólicas, o que acaba sempre gerando situações de violência.

Rosa, como era conhecida, foi estuprada e morta por um grupo de três indígenas da etnia Yanomami, enquanto uma quarta pessoa filmava o crime. A gravação circula em redes sociais, o que demonstra que eles não temem a justiça pois a condição de indígena como ser inimputável, em alguns casos, blinda-os de crimes bárbaros e é cada vez mais reprovada pela sociedade civil.

Milhares de indígenas andam por dias até mais de 100 kilometros na mata para receberem seus benefícios, o que poderia ser evitado através do pagamento em postos avançados temporários da Caixa Econômica que, atualmente, paga os programas sociais nas sedes municipais.

E isso tem gerado reclamações de vários prefeitos dos municípios em que comunidades indígenas se encontram, porque parte deles “compra cachaça”, segundo um prefeito do interior de Roraima.
Pode ser que a violência absurda que Rosimar Oliveira sofreu tenha ocorrido devido ao consumo de cachaça pelos quatro yanomami, que, inclusive, com frieza, gravaram o ato e se incriminaram.

Porém, é difícil crer que eles irão cumprir algum tipo de pena, segundo as leis brasileiras. Basta lembrar que há 30 anos, o caiapó Paulinho Paiakan foi absolvido do crime de estupro a uma estudante mesmo depois dela ter apresentado marcas de violência, mordidas, arranhões por todo o corpo em exame feito no IML. A vítima estava acompanhada por uma filha de quatro anos na hora do estupro.

O juiz Elder Lisboa Ferreira da Costa, que absolveu Paiakan, chorou ao ler a última página da sentença, em que uma citação do jurista Mário Guimarães afirma que a “justiça justa” nem sempre é a mais rápida, mas a mais segura. “Volte para o seu povo”, disse o juiz emocionado.

Se esses pagamentos a indígenas continuarem ocorrendo nas sedes municipais, pode-se esperar por mais violência e mortes.

Por Edersen Lima