O Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar) abriu um processo ético nesta segunda-feira (10) contra a Volkswagen.
A ação é para analisar um anúncio da Volkswagen que utiliza a imagem de Elis Regina.
Elis foi uma importante cantora de MPB que faleceu em 1982, e aparece no comercial por meio de inteligência artificial.
Essa ação publicitária faz parte da campanha de comemoração dos 70 anos da Volkswagen e conta também com a participação de Maria Rita, filha da artista.
+ Envie esta notícia no seu WhatsApp
+ Envie esta notícia no seu Telegram
O processo foi iniciado após questionamentos de clientes sobre a ética do uso da inteligência artificial (IA) para trazer pessoas falecidas de volta à vida, como é feito nessa campanha.
O objetivo é analisar se a campanha violou alguma norma do Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária.
AI
O problema apontado pelo Conar é que a publicidade a não informa aos espectadores que as imagens foram criadas usando inteligência artificial.
Segundo eles, a ação pode gerar confusão entre ficção e realidade, especialmente para crianças e adolescentes.
O advogado Gabriel Britto foi o responsável pela denúncia e afirma que a campanha vai contra diversos artigos, incluindo o número 27, que exige que um anúncio apresentado de forma verdadeira o produto oferecido.
Atualmente, não existe uma regulamentação definida no Brasil sobre o uso de inteligência artificial.
O Conar irá analisar se a campanha ultrapassou os limites éticos que todas as peças publicitárias deveriam seguir.
Em comunicado, o Conselho informou que a representação será julgada nas próximas semanas por uma das Câmaras do Conselho de Ética do Conar, garantindo o direito de defesa ao anunciante e sua agência.
Segundo a Volkswagen, o uso da imagem de Elis Regina na campanha foi acordado com a família da cantora.
A montadora afirmou que a intenção da campanha era destacar a transição das gerações e a mudança da marca.
Veja a nota do Conar:
” O Conar abriu hoje, 10 de julho, representação ética contra a campanha “VW Brasil 70: O novo veio de novo”, de responsabilidade da VW do Brasil e sua agência, AlmapBBDO, motivada por queixa de consumidores.
Eles questionam se é ético ou não o uso de ferramenta tecnológica e Inteligência Artificial (IA) para trazer pessoa falecida de volta à vida como realizado na campanha, a ser examinado à luz do Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária, em particular os princípios de respeitabilidade, no caso o respeito à personalidade e existência da artista, e veracidade.
Adicionalmente, questiona-se a possibilidade de tal uso causar confusão entre ficção e realidade para alguns, principalmente crianças e adolescentes.
A representação será julgada nas próximas semanas por uma das Câmaras do Conselho de Ética do Conar, garantindo-se o direito de defesa ao anunciante e sua agência. Em regra, o julgamento é efetuado cerca de 45 dias após a abertura da representação.
O Conar aceita denúncias de consumidores, assim como outras manifestações sobre a peça publicitária, bastando que sejam identificadas. Em obediência à LGPD a identidade dos denunciantes é protegida.”
RELACIONADAS
+ Deepfake ‘recria’ Elis Regina para cantar em propaganda de carros