Nascido como uma promessa a São João Batista, o Boi Garantido foi criado, em 1913, por Lindolfo Monteverde ainda na juventude.
O touro branco de Parintins surgiu através da fé de seu fundador que, quando jovem, foi acometido de uma forte doença, segundo os relatos dos brincantes.
Fortificado em sua crença, Lindolfo Monteverde prometeu que o seu brinquedo de infância sairia todo mês de junho pelas ruas da ilha Tupinambarana em homenagem ao santo.
Com uma trajetória de mais de 100 anos, o Boi Bumbá Garantido acumula tradições, já marcadas nas festividades do Festival Folclórico de Parintins.
Para você conhecer mais sobre o “boi da tradição” e aquecer para o Festival Norte Bumbá, o Portal Norte separou 5 curiosidades sobre o touro branco.
Veja fotos do Boi Garantido no festival em 2023
Banho de cheiro
O banho de cheiro foi introduzido na história do festival em 1984, quando a casa da madrinha do garrote foi atacada por torcedores contrários.
A casa de Maria Ângela Faria foi alvo de garrafas e pedras pelos torcedores azulados durante festejos do boi contrário.
Em resposta, o seu filho Omir Faria, que estava em Belém do Pará, disse: “Se eles jogaram pedras, nós vamos jogar perfume!”.
Desde então, organizada por Zezinho Faria, uma escultura gigantesca do boi Garantido entra na arena do Festival Folclórico de Parintins exalando o aroma de Patchuli.
A alegoria, apelidada de ‘Belezão’, foi assinada por Jair Mendes e costuma abrir as apresentações no Bumbódromo para afastar mau olhado.
Perreché
O apelido, atualmente proferido com orgulho pelos brincantes do Boi Garantido, surgiu como uma forma de ‘alfinetar’ a torcida encarnada.
O termo ‘perreché’ surgiu da aglutinação entre as palavras ‘pé’ e ‘rachado’, com conotação pejorativa.
Após anos, a palavra assumiu novo significado, sendo abraçada pelo torcedores do Garantido para designar a torcida.
Desde então, muitas toadas exaltam o ‘perreché’, como a canção ‘Perreché do Brasil’ e ‘Caboclo Perreché’.
Alvorada
A tradicional festa da nação vermelha e branca marca o início das celebrações pré-festival.
A ‘Alvorada’, como o próprio nome sugere, acontece até o alvorecer do dia, com a virada do último dia de abril para o primeiro dia de maio.
A festa acontece com a presença da vaqueirada, que guia o boi Garantido, além da batucada na percussão das toadas antológicas.
Além deles, a ‘Cunhã-poranga’, ‘Porta-estandarte’, ‘Rainha do folclore’, ‘Sinhazinha’, ‘Pajé’ e outros itens oficiais também marcam presença.
O evento inicia no curral do Garantido e termina na Catedral de Nossa Senhora do Carmo, quando o sol começa a surgir.
Matança do boi
O evento marca o fim do Festival Folclórico de Parintins para o Boi Garantido.
Fechando o ciclo do ‘auto do boi’, o Garantido foge pelas ruas de Parintins até ser laçado pelos vaqueiros, de volta para o curral.
No ‘auto do boi’, o boi Garantido é morto pelo personagem pai Francisco, afim de saciar o desejo de sua mulher grávida.
Catirina, com desejo de comer língua de boi, incentiva o marido a matar o boi Garantido para retirar sua língua.
A sua morte simboliza o fim das festividades, com a perspectiva de seu retorno no próximo ano, segundo a tradição.
Na encenação do ‘auto do boi’, o Garantido ressurge através das rezas do pajé, que ressuscita o garrote na arena.
A contagem
Um dos momentos mais arrepiantes na arena é a ‘A contagem’, criada pelo saudoso Paulinho Faria.
A criação, do antigo apresentador, ficou eternizada na história marcando o início do espetáculo do boi Garantido na arena.
Com o tambor no centro da arena, a contagem é marcada pelo rufar do instrumento de Gilcimar Monteverde, neto do fundador do Boi Garantido.
Com o fim da contagem, os torcedores já sabem o que fazer e colocam as arquibancadas vermelha e branca para vibrar.