Tem uma cortina no caminho, ou melhor, no meio da sala. Esse é o cenário que estudantes universitários encontram nas salas de aula do Afeganistão durante o retorno dos estudos nesta segunda-feira, 6. Homens e mulheres devem respeitar a separação feita com uso de cortinas.

Não há confirmação se o Talibã exigiu a separação por tecido nas salas, mas o grupo extremista já declarou novas regras para as mulheres frequentarem a universidade.

Fotos divulgadas nesta segunda mostram uma sala da Universidade de Avicenna, em Cabul, com mulheres vestidas com túnicas compridas, véus na cabeça e apenas o rosto visível.

Por lá, já existe movimento de mulheres que temem perder direitos conquistados nos últimos 20 anos. Profundamente conservador, o país ainda convive com hábitos que chegam a impedir que elas estudem.

Durante o primeiro governo do Talibã, entre 1996 e 2001, as mulheres foram impedidas de frequentar escolas e universidades. Elas também não podiam trabalhar.

A estudante Anjila, de 21 anos, da Universidade de Cabul, disse à Reuters que antes do Talibã retomar o poder, os estudantes já se sentavam separados por gênero, mas não havia divisão física entre eles. “Colocar cortinas é inaceitável”, declarou a aluna.

Segundo a agência Reuters, observadores internacionais têm prestado atenção ao que ocorre nas unidades de ensino do país depois que o Talibã voltou a governar. Algumas nações do Ocidente já declararam que só vão enviar dinheiro de auxílio ao Afeganistão se o Talibã der tratamento digno ao público feminino de qualquer idade.

Regras do Talibã
 

De acordo com decreto divulgado no sábado, 4, e publicado pelo Ministério da Educação Superior do Talibã, mulheres que quiserem frequentar a universidade terão que atentar para novas regras.

As estudantes terão que usar uma abaya (vestido longo usado pelas muçulmanas) preta e um véu, o niqab, que cobre o rosto deixando apenas os olhos à mostra.

As aulas não serão mistas, segundo decreto publicado pelo novo regime talibã. As instituições de ensino superior também terão que “recrutar professoras para as estudantes”, ou tentar contratar “professores idosos” cuja moralidade tenha sido testada.

Uma curiosidade é que as mulheres inscritas nestes estabelecimentos terão que sair da sala cinco minutos antes dos estudantes homens e aguardar, em salas de espera, até que eles deixem o local.

Sobre as fotos divulgadas neste início de semana, o Talibã, oficialmente, não fez comentários.

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