O documento para a instalação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) não foi assinado pela maioria dos parlamentares que compõem a bancada federal do Amazonas no Congresso Nacional.

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A CPMI planeja investigar os atos de vandalismo que aconteceram no dia 8 de janeiro em Brasília.

Entre os três senadores, apenas o senador Plínio Valério (PSDB) assinou o pedido de instalação da CPMI.

Os senadores Eduardo Braga (MDB) e Omar Aziz (PSD) não assinaram o documento, e até o fechamento desta reportagem não se pronunciaram sobre o assunto.

Segundo Plínio Valério, há muitas dúvidas sobre os atos de vandalismo contra os prédios públicos dos três poderes no Distrito Federal.

Além de observar com desconfiança o fato do governo do presidente Lula (PT) impôr sigilo sobre a íntegra das imagens dos atos de vandalismo registradas pelo sistema de câmeras do Palácio do Planalto.

“Eu assinei porque eu também faço parte dessa turma que quer esclarecer isso. Há muitas dúvidas sobre isso e muitas acusações. Principalmente o fato de o governo declarar sigilo, já deixa a gente de orelha em pé. É bom que a gente tenha uma CPMI para clarear isso”, disse o senador.

Dos oito deputados federais do Amazonas, apenas o capitão Alberto Neto (PL) e Fausto Júnior (União Brasil) assinaram o documento.

Alberto Neto publicou uma arte nas redes sociais onde celebrou que o pedido para a instalação da CPMI atingiu o número de assinaturas necessárias para a instalação, o que para ele é um ‘avanço’.

Já os deputados Adail Filho (Republicanos); Amom Mandel (Cidadania); Átila Lins (PSD); Sidney Leite (PSD); Silas Câmara (Republicanos) e Saullo Vianna (União Brasil) não assinaram.

Amom Mandel afirmou que considera essa Comissão “como mero palanque político”.

Segundo o deputado, os procedimentos para a investigação já foram feitos pela Polícia Federal e não foi apresentado nenhum indício de comprometimento da capacidade investigativa dos policiais federais nesse caso.

A reportagem também entrou em contato com os outros cinco deputados federais do Amazonas, mas até o momento aguarda o pronunciamento dos congressistas.

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Autoria da CPMI

O pedido de instalação da CPMI é de autoria do deputado federal André Fernandes (PL-CE) que afirmou já obter as assinaturas necessárias para as investigações.

Para o parlamentar, a Comissão investigará os atos de ação e também de omissão que ocorreram em 8 de janeiro.

Após o anúncio de que mais de um terço da Câmara e do Senado assinou o documento que viabiliza a instalação da investigação, parlamentares de oposição ao governo Lula celebraram o fato nas redes sociais.

O presidente Lula já afirmou ser contra a CPMI. Segundo o chefe do executivo federal, a Comissão pode criar uma “confusão tremenda” na apuração dos ataques.

Ainda segundo o presidente, o país já possui os instrumentos necessários para fiscalizar o que houve e responsabilizar quem depredou os patrimônios públicos.

Trazer à tona participação e omissão

Para o cientista político Carlos Santiago, é atribuição do Congresso investigar toda e qualquer participação nos atos de vandalismo.

Dessa forma, os senadores e deputados federais podem propor medidas judiciais cabíveis contra os responsáveis à Procuradoria Geral da República (PGR) e ao Ministério Público Federal (MPF).

“Essa CPMI pode trazer fatos que envolvam ainda mais personalidades do governo passado e também pode trazer informações novas sobre o desempenho do atual governo nesse fato. Tudo isso é importante para que o povo brasileiro saiba a verdade”, disse o cientista político.

Retórica bolsonarista

Já o cientista político Valdir Pucci afirma que a CPMI faz parte da retórica dos bolsonaristas.

Seria uma tentativa de diminuir a responsabilidade de pessoas ligadas ao ex-presidente Jair Bolsonaro nos atos de vandalismo que levaram à depredação dos prédios públicos.

“O bolsonarismo começou a propagar a ideia de que os atos não haviam sido praticados por apoiadores do ex-presidente, mas sim por infiltrados dentro do movimento que iniciaram um quebra-quebra na sede dos três poderes. É uma forma de tentar diminuir a responsabilidade do bolsonarismo dentro do processo que levou a destruição dos três prédios dos poderes em Brasília”, disse.

O especialista também acredita que haverá pressão do governo federal para que a CPMI não seja instalada.

Além disso, ele acredita que o presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP) e do Senado, senador Rodrigo Pacheco (PSD), vão se opor ao pedido de instalação, dificultando o andamento das investigações.