Desde o dia 1º de agosto, as autoridades do Chile começaram a investigar um misterioso buraco que apareceu no sábado, 30, em uma área de mineração no norte do país.

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A enorme cratera circular já havia chegado a 32 metros de largura e 64 metros de profundidade, porém, uma semana depois, o buraco aumentou: seu diâmetro agora é de 36,5 metros, de acordo com as últimas medições de satélite.

O Serviço Nacional de Geologia e Mineração do Chile (Sernageomin) ordenou que a companhia de mineração Candelaria interrompesse todas as suas operações na área.

Um processo disciplinar foi aberto contra a empresa, enquanto uma equipe investiga as possíveis causas do sumidouro.

Como surgiu

De acordo com a BBC News Mundo, geólogos explicaram que existem vários eventos naturais ou resultado da atividade humana que podem causar um sumidouro deste tipo.

Todavia, consideraram principalmente dois: o primeiro estaria relacionado às chuvas intensas que caíram na região no mês de julho. A segunda hipótese aponta para a influência da atividade mineradora na área.

A companhia de mineração Candelaria explora uma jazida de cobre em Tierra Amarilla, e as galerias de sua mina penetram no subsolo, tanto no entorno do buraco quanto abaixo dele a uma profundidade muito maior.

Uma fonte do setor explicou à BBC News Mundo que é comum que mineradoras de cobre extraiam mais material do que o estimado devido à detonação de explosivos, entre outros motivos.

O representante da empresa alegou que é cedo para tirar conclusões e destacou que “estão sendo investigados os diferentes fatos que podem ter causado o sumidouro, entre os quais se destaca a precipitação registrada no mês de julho”.

Um protesto foi organizado no último domingo, 7, por moradores de Tierra Amarilla, e o prefeito, Cristóbal Zúñiga, pediu à mineradora que assuma sua responsabilidade, embora não a tenha apontado diretamente como culpada, enquanto aguarda as conclusões da investigação.

A ministra de Minas do Chile, Marcela Hernando, prometeu, por sua vez, ir “até as últimas consequências” para punir os responsáveis ​​uma vez que forem identificados.

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Aumento do buraco

Nos últimos dias, os deslizamentos de terra nas paredes do sumidouro têm sido constantes, a ponto de aumentar seu diâmetro em 450 cm até os atuais 36,5 metros.

“Primeiro começou a alargar na parte de baixo; depois começou a criar uma forma assimétrica, e o que está em cima não tem suporte, então começa a cair e vai se alargando de forma lenta mas dramaticamente até chegar à forma de cilindro”, observou Farías, autor do livro Volcanes y terremotos (“Vulcões e terremotos”, em tradução literal).

Sendo assim, a previsão é de que o buraco continue a crescer pelo menos até que o diâmetro na superfície se iguale ao do fundo, que é de 48 metros.

Muñoz acredita, no entanto, que pode aumentar ainda mais se houver novas desestabilizações no terreno.

“De qualquer forma, não poderia ser mais de 200 ou 300 metros, que é o que importa para nós, porque o povoado mais próximo fica a 600 metros”, declarou.

Ele não descartou, no entanto, que este fenômeno seja reproduzido em outras áreas da região.

“As áreas que seriam mais suscetíveis à ocorrência de outros sumidouros também estão sendo estudadas”, afirmou.

Cratera circular

O que também chamou a atenção é que o buraco forme um círculo quase perfeito.

“A aparência redonda de tal buraco se deve à forma do colapso”, afirmou Cristian Farías.

O geofísico explicou que o colapso “começa em um ponto e se vai se estendendo de forma simétrica, ou seja, para todos os lados, radialmente, e isso faz com que tudo que colapsa o faça em círculo e pare em algum momento, quando encontra estabilidade.

“Muitas estruturas de colapsos na natureza ocorrem dessa maneira. Quando os vulcões, por exemplo, desmoronam porque o edifício vulcânico cai devido ao seu próprio peso, ou porque havia fluidos que não estão mais lá, a estrutura que é gerada costuma ser bastante circular; às vezes, um pouco mais oval, mas mais frequentemente circular”.

Ainda não se sabe também o que o futuro reserva para o inesperado sumidouro de Tierra Amarilla. O buraco será tapado ou ficará à mercê das intempéries?

“A capacidade volumétrica que este sumidouro tem é bastante grande. Para ser honesto, não pode ser tapado facilmente, então uma solução seria cercar esse perímetro e colocar barreiras de segurança”, avalia o diretor da Red Geocientífica de Chile.

Para Muñoz, é importante “garantir que as pessoas não se aproximem para tirar fotos”, pois podem ocorrer acidentes.

Ele afirmou ainda que, mesmo que se tentasse tapá-lo, poderia ser em vão devido à própria natureza do buraco.

“Tem que pensar que parte da terra que caiu não está mais embaixo, porque tem um fluido que é a água. Quando caiu, foi como por um rio.”

O gerente de relações públicas da mineradora assegurou, por sua vez, que grande parte dos sedimentos teria se acumulado no fundo do buraco, reduzindo sua profundidade de 64 para 62 metros, segundo suas últimas medições.

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