A segunda edição do curso “Pensamentos do corpo negro no audiovisual: uma crise estética” foi finalizada no sábado (2) com roda de conversa com a diretora e multiartista Keila Sankofa, que exibiu o premiado curta-metragem “Alexandrina – Um Relâmpago”.

Realizado no Casarão de Ideias, Centro de Manaus, ao longo de três sábados do mês de março, os alunos do curso compreenderam mais sobre a crise de representação do corpo negro e sobre os estereótipos utilizados no audiovisual como forma de reforçar uma visão problemática sobre as pessoas negras.

O último dia do curso contou novamente com a presença da artista Keila Sankofa, que compartilhou suas experiências com o audiovisual, além de conversar sobre os processos criativos que levaram a realização do curta-metragem “Alexandrina – Um Relâmpago”.

Sobre sua participação no encerramento das duas edições do curso, Keila Sankofa afirmou que ficou bastante feliz em ser convidada para um evento que trouxe um debate sobre a questão negra.

Para ela, este foi o momento de encontro de duas áreas do audiovisual, a crítica e a realização, para comentar acerca da representação do corpo negro no cinema.

Além disso, Keila Sankofa falou que sentiu uma sensação de conforto ao participar deste debate e que este espaço é uma forma de “reverberar esses conhecimentos que a gente vem acumulando nos anos de estudo para a construção das nossas obras”.

A diretora também falou da importância do cinema como uma ferramenta capaz de moldar uma sociedade em diversos aspectos.

Na sua avaliação, um curso como este é essencial, pois mostra o pensamento e a existência de corpos negros não apenas em um lugar de violência, “mas também em lugares de afetividades e de produção de memórias”.

Ela finalizou dizendo que espera que sejam realizadas mais edições deste curso e que ocorra em diversos locais para atingir mais pessoas interessadas em participar deste debate.

O final das duas edições do curso “Pensamentos do corpo negro no audiovisual: uma crise estética”, para Lucas Lopes Aflitos, responsável pelo evento, resultou em uma excelente experiência.

“Me senti acolhido e atravessado pelos encontros e as trocas entre os alunos. Certamente todos nós saímos um pouco mais diferentes depois dessa pequena imersão acerca do tema, que se faz urgente e necessário”.

Ele afirma que os objetivos do curso foram alcançados e que a participação dos alunos nas trocas deixava essa sensação mais evidente, além de lhe dar mais segurança e confiança de que estava no caminho certo.

Para os alunos que participaram do curso, o conteúdo apresentado ampliou seus olhares, como diz a estudante Bruna Vitória.

Para ela, o evento foi “muito dinâmico, deu para conversar, discutir diversos pontos e falar da nossa vivência como uma pessoa preta nessa indústria do cinema. Ver como a gente é representado e como que a gente se identifica nesse lugar”.

Já para Joelma Melo, também estudante, a experiência foi bastante enriquecedora, já que para ela assistir filmes durante sua infância não era algo comum. “O básico de filmes ocidentais e brancos, que a maioria conhece, eu tive acesso”.

Joelma destaca que o curso abriu seus olhos para outros produtos audiovisuais, como novelas, e para as questões de raça que este tipo de mídia também enfrenta.

“Então, como isso vai se espelhar também nessas produções, nas novelas, no material audiovisual como um todo, seja ele um filme, uma série, uma novela. Realmente abriu um caminho aí que eu ainda não tinha olhado, não tinha percebido”.