A população que não conclui o esquema vacinal fica mais vulnerável à infecção e reinfecção da covid-19, do que aqueles que receberam as duas doses. É o que diz a infectologista Solange Dourado de Andrade, representante da Sociedade Brasileira de Imunizações no Amazonas (SBIm), que alerta também sobre os riscos que o descaso com as vacinas oferecem como o surgimento de mais variantes.

Segundo ela, a imunização incompleta pode criar um ambiente propício para o surgimento de cepas ainda mais resistentes do coronavírus e à vacina. Estar vacinado com apenas uma dose pode ajudar nas proliferações do vírus e nas mutações de novas cepas.

“Em uma situação em que esteja ocorrendo vários casos de Covid-19, isso significa que o vírus está circulando, o que pode predispor o surgimento de variantes que de uma forma ou outra podem escapar da proteção das vacinas, em especial pra aquelas que só receberam uma dose”, relatou.  

A pessoa que não segue as medidas de prevenções e não se imuniza sofre o risco de ser contaminado e adoecer gravemente da doença.  De acordo com dados da vacinômetro da Fundação de Vigilância e Saúde do Amazonas (FVS), o Amazonas tem até nesta terça-feira, 10, 26,4% de cobertura do esquema vacinal completo. Na capital, segundo o vacinômetro da prefeitura de Manaus, a capital tem apenas 28% da população com mais de 18 anos que receberam as duas doses e/ou a dose única da vacina.

Para a infectologista, a segunda dose no processo de ciclo vacinal é importante para que o organismo se prepare para combater a doença.  

“As pessoas já vacinadas, mas somente com uma dose, não finalizaram o processo de imunização. Ou seja, o organismo deu início ao processo de geração de defesa com anticorpos, mas não de uma forma mais duradoura e amadurecida. São necessárias as duas doses para que esse processo se complete”, comentou. 

A alta cobertura vacinal dever ser levada em conta para que tenha uma flexibilização nos comércios e escolas no Amazonas.  “A flexibilização das medidas de controle deve caminhar junto com o registro de queda de hospitalizações e óbitos da Covid-19. É uma estratégia epidemiológica que também deve ser utilizada no momento certo, em populações com alta cobertura vacinal. Estamos caminhando nesse sentido, mas ainda precisamos garantir a imunização de um número maior de indivíduos para podermos nos considerar em situação de maior segurança para ampla flexibilização. 

Cuidados  

Solange lembra também que, após a segunda dose, é necessário que a população continue usando máscara, álcool em gel, e todas as medidas de prevenção. A proteção de uma forma mais efetiva acontece somente 15 dias após a segunda dose da vacina.  

“Em geral após a segunda dose, são necessárias duas semanas para que a proteção se dê de forma mais efetiva. Período necessário para geração de anticorpos. Assim sendo, pessoas que adoecem após a segunda dose antes das duas semanas, ainda estariam sem essa proteção”, afirma Solange Dourado.

A infectologista ressalta que nenhuma vacina é 100% eficaz, mas a imunização é eficaz quando todos se vacinam.  

“Para aquelas pessoas que não conseguem alcançar proteção com a vacinação, estar num meio em que houvesse proteção coletiva é o que a protegeria. Daí a importância de todos se vacinarem. Por nós e por cada um que porventura não consiga responder bem à vacina. É um ato de proteção individual e também de solidariedade com o próximo”, declarou.