No Dia da Amazônia, o 5 de setembro ainda é data importante para reflexões sobre a realidade da região. Uma delas diz respeito às queimadas e ao desmatamento, que ainda preocupam o Brasil e o mundo e exigem atenção.

Nos primeiros dias de setembro, o estado do Amazonas já registrou mais de 2 mil focos de queimadas, de acordo com o Instuto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

O último mês de agosto registrou mais de 3,5 mil focos de queimadas na floresta.

Para ter noção de como esse último dado é preocupante, ele é o maior valor para o mês desde o ano de 2002.

– Envie esta notícia no seu WhatsApp

– Envie esta notícia no seu Telegram

Só no dia 22 de agosto, o Inpe contabilizou 3.358 focos de queimada.

Nenhum outro dia de agosto dos últimos 20 anos ultrapassou os 3.000 focos de calor. Foi em 2002 que entraram em operação novos e mais sensíveis sensores do Inpe para queimadas.

Interfere nas chuvas

Um estudo brasileiro presente na revista Communications Earth & Environment revelou como as queimadas interferem na formação de nuvens de chuva na Amazônia.

Os autores indicaram que as pequenas partículas sólidas ou líquidas liberadas na atmosfera pelas chamas (conhecidas como aerossóis) dificultam o congelamento de gotas de nuvens quando a atmosfera encontra-se umidificada, mas podem também favorecer o congelamento quando a atmosfera está mais seca.

Para eles, isso altera o funcionamento natural das nuvens e sua altitude típica, possivelmente também afetando sua capacidade de produzir chuvas e a incidência de raios solares no solo.

Para esta conclusão, os cientistas fizeram uma combinação de uma grande base de dados coletada em um intervalo de 15 anos, de 2000 a 2014.

Área queimada no Parque Nacional Mapinguari, em Porto Velho, na divisa de RO e AM, em 1º de setembro de 2022 – Foto: Douglas Magno / AFP

 

Explosão do crime e savana

Queimadas e desmatamento explodiram nos últimos quatro anos. De acordo com a WWF, organização não governamental (ONG), a devastação vem batendo recordes sucessivos desde 2019 e já chegou a 5,4 mil km² devastados em 2022.

Anos atrás, uma equipe de pesquisadores do Centro de Resiliência de Estocolmo, na Suécia, publicou um estudo na revista Nature Communications indicando que 40% da Amazônia corre o risco de se transformar de floresta tropical para savana, à medida que as emissões de gases do efeito estufa reduzem os níveis de chuva necessários para sustentar esse ecossistema.

Segundo os pesquisadores, as florestas tropicais são especialmente sensíveis às mudanças climáticas que afetam as chuvas por longos períodos, de modo que as árvores podem morrer caso essas áreas fiquem muito tempo sem água. 

Essa realidade pode resultar em impacto significativo na natureza, como a perda de habitats tropicais e alterações de clima.

No Dia da Amazônia, vale o entendimento de que a região necessita muito mais que reflexão. A execução de ações permanentes decide as condições que a floresta vai estar dentro de alguns anos. A vida no Brasil e no mundo também depende desse bioma.

__________________________________

ACESSE TAMBÉM MAIS LIDAS