O dia 8 de março é marcado como o Dia Internacional da Mulher. Nesta data, as histórias de milhares de mulheres servem de inspiração para aquelas que todos os dias lutam por igualdade. No esporte, não poderia ser diferente. Em um universo marcado pela presença masculina, a luta das mulheres por espaço é diária.

No futebol, a presença das mulheres na arbitragem vem aumentando. De 2011 até 2021, houve um crescimento de 56% no número de árbitras e assistentes registradas pela CBF. Em 2021, foram 30 árbitras e 84 assistentes registradas, contra 20 árbitras e 53 assistentes em 2010.

Arbitragem feminina no Amazonas

A representação feminina na arbitragem no Amazonas, apesar de baixa, também está presente. Em 2024, segundo dados divulgados pela Federação Amazonense de Futebol (FAF), o estado conta com 2 árbitras e 4 assistentes.

Na edição de 2024 do Barezão, até o fechamento da 2ª rodada do returno, as mulheres estiveram presentes na equipe de arbitragem em 17 jogos do estadual.

O nome mais presente na equipe de arbitragem dos jogos do campeonato amazonense é o de Anne Kesy Gomes de Sá. A árbitra/assistente é do quadro da FIFA desde 2022. Anne Kesy é uma das mulheres presentes na arbitragem do futebol amazonense.

Atuação como assistente

Adriana Farias é árbitra da Federação Amazonense de Futebol desde 2017. Se formou em 2015, ainda quando estava no Maranhão, pela Federação Maranhense. Graduada em Licenciatura em Educação Física, também é pós-graduada em Docência em Educação Física e Práticas Pedagógicas. 

Além de árbitra e assistente, funções que exerce desde 2017, ela também divide atenção com outra profissão: atua como motorista de aplicativo. 

Adriana conta que sua estreia na equipe de arbitragem aconteceu em um jogo de futebol de base do campeonato amazonense. Na atual edição do Barezão, esteve na equipe de arbitragem em 4 jogos, incluindo uma das semifinais do campeonato: a partida entre Parintins e São Raimundo, atuando como Árbitra Assistente 2.

Dentro de campo, Adriana conta que há respeito por parte dos atletas, mas ofensas vindas de torcedores costumam acontecer. Sobre isso, fala como é ser mulher e o que espera de melhoras:

“Ser [mulher] no mundo do futebol não é fácil. As dificuldades são muitas, porém com [o] passar do tempo ganha um respeito de todos”, completa. 

Atuando no Amazonas há 7 anos, Adriana relata ainda que o apoio da federação é fundamental para o sucesso das mulheres na profissão.

“Vejo que a federação nos dá muito apoio, e sempre querendo que venham mais mulheres fazer parte desse time de arbitragem”, ressalta.

Adriana atua como árbitra/assistente desde 2017 - Foto: Ágatha Sena
Adriana atua como árbitra/assistente desde 2017 – Foto: Ágatha Sena

O sonho de uma paraolímpiada e a representação de um povo

Disputar uma olimpíada/paraolímpiada costuma ser o sonho de todo atleta de alto rendimento. A competição reúne os melhores atletas do planeta e acontece uma vez a cada quatro anos. O caminho não é fácil, mas se superar para conquistar o objetivo é uma meta maior para as mulheres.

Maria de Fátima é amazonense. Natural de Tefé, cidade distante a 521 km da capital do estado, Manaus, é atleta de halterofilismo desde 2019 e é uma das atletas do Brasil e do Amazonas que sonha com uma vaga nas Paraolímpiadas de Paris em 2024.

Maria relata que sua trajetória no halterofilismo começou em 2019, incentivada por amigos. Com má-formação congênita nas pernas, teve o primeiro contato com a modalidade em 2017.

Ela conta ainda que antes do halterofilismo, já praticava outros esportes, mas de forma não-profissional e que após ter contato com a modalidade que pratica atualmente e incentivada, viu que, como ela mesmo diz, poderia “ganhar dinheiro e fazer o que gosta, unindo o útil ao agradável”, e começou no esporte.

Maria de Fátima após conquista de medalha - Foto: Reprodução/Comitê Paralímpico Brasileiro
Maria de Fátima após conquista de medalha – Foto: Reprodução/Comitê Paralímpico Brasileiro

Início difícil

Receber incentivo dos amigos, que apontavam seu potencial, e pelo fato de ser mulher, segundo ela, foram fundamentais para seu andamento no esporte.

Natural do interior do Amazonas, as questões logísticas também dificultaram o início de sua trajetória. Apesar disso, ela vê a possibilidade de representar sua cidade como uma oportunidade. “A sensação é de uma alegria inexplicável, uma alegria de que tudo que eu passei valeu muito a pena”, afirma.

Mãe de duas crianças, um menino de 6 anos e uma menina de 10 anos, encontrou dificuldades para seguir com a prática do esporte, sobretudo pela questão financeira.

“O início foi bem difícil, pois meu filho só tinha um ano de idade e [eu] não tinha condições financeiras para deixar [com alguém], mas com incentivo da minha família e da minha mãe, mesmo não gostando da ideia de sua filha levantar peso, ela aceitou ficar com meu filho”, conta.

Superação e conquistas

Apesar das dificuldades enfrentadas, determinação sempre foi um fator essencial em sua vida e trajetória como atleta. Ela conta que sempre assiste e acompanha a modalidade e que sempre se via com a camisa da seleção e que um dia conseguiria representar seu país.

Maria também conta que hoje, disputando uma vaga na paraolímpiada de Paris, se vê como uma inspiração para outras mulheres que querem ingressar no esporte. Também afirma que busca incentivar outras mulheres contando sua história e que no começo tudo é difícil, mas conquistar uma medalha recompensa o esforço. 

No último sábado (2), Maria de Fátima deu mais um passo em seu objetivo de conquistar uma vaga para a Paraolímpiada de Paris neste ano. A amazonense conquistou a Prata no 13th Fazza Dubai Parapowerlifting Wolrd Cup, o mundial de Halterofilismo.

Maria de Fátima conquistou a prata no mundial de Halterofilismo, em Dubai, neste ano - Foto: Divulgação/Sedel
Maria de Fátima conquistou a prata no mundial de Halterofilismo, em Dubai, neste ano – Foto: Divulgação/Sedel

Além da conquista atual, a amazonense também já conquistou o Bronze na categoria até 67kg nos Jogos Parapan-Americanos de Santiago 2023; a prata na equipe feminina no Mundial de Dubai 2023 e o bronze na Copa do Mundo de Dubai em 2022.