O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, afirmou que orientou seus secretários a “comandar pessoalmente” a Polícia Militar do Distrito Federal no enfrentamento ao ataque aos Três Poderes em 8 de janeiro. A declaração veio a público em formato de postagem na rede X, neste domingo (7), quando o ministro relembrou diversas passagens dos atos golpistas ocorridos em janeiro de 2023. 

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“O Presidente da República decidiu decretar a Intervenção Federal. Chamei os secretários Cappelli (nomeado Interventor) e Diego Galdino (adjunto de Cappelli), que trabalham comigo desde o Governo do Maranhão.  Mostrei a conflagração na Praça dos 3 Poderes e orientei: “desçam lá e comandem pessoalmente a polícia militar do DF.” Eles concordaram sem vacilar, com notável senso de dever patriótico. No auge da tensão, lembrava o passo a passo dos dias 31 de março e 1º de abril de 1964. Li muito sobre esse golpe e tais leituras me ajudaram na hora decisiva de assessorar o Presidente da República. A história não se repetiu e a democracia venceu”.

Em outra postagem, Dino comenta sobre outras decisões que teve que tomar, ainda na madrugada do dia 9 de janeiro.

¨O dia 8 terminou para mim às 2 da madrugada do dia 9, quando finalizamos a última reunião no Ministério da Justiça. Muitas providências práticas a tomar: para onde levar os presos e com quais veículos transportar ? Como formalizar os milhares de autos de prisão em flagrante e fazer o encaminhamento para as audiências de custódia no Poder Judiciário ? Foram muitas decisões importantes. 

Destaco uma: abrir um canal para recebimento de denúncias. Recebemos milhares de mensagens. Mobilizei toda a equipe disponível para analisar o material. Ali se iniciou a montagem do quebra-cabeça da investigação, ao qual ainda faltam algumas peças.”

FERIDA ABERTA

Apesar de haver milhares de integrantes dos atos golpistas presos e vários já julgados e sentenciados, ninguém ainda foi formalmente processado pela mentoria dos ataques.

Em entrevista veiculada pelo jornal O Globo nesta sexta (5), o presidente Lula (PT) disse que houve um “pacto” do governador do Distrito Federal Ibaneis Rocha, com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a Polícia do Exército e parte da força de segurança do DF, de modo a permitir os ataques de 8 de janeiro.

Sete ex-integrantes da cúpula da Polícia Militar do Distrito Federal serão julgados pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal entre os dias 9 e 20 de fevereiro, em plenário virtual. Nas denúncias encaminhadas ao STF, a Procuradoria-Geral da República (PGR) alegou que “havia profunda contaminação ideológica de parte dos oficiais da Polícia Militar do DF”.

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