A poucas horas de começar a ser julgado, o deputado Daniel Silveira (PTB-SP) voltou a criticar o Supremo Tribunal Federal (STF) e alguns de seus ministros.

O deputado é acusado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) pelos crimes de coação no curso de processo, incitação à animosidade entre as Forças Armadas e o Supremo Tribunal Federal (STF) e tentativa de impedir o livre exercício dos Poderes.

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Em um discurso lido na manhã desta quarta-feira, 20, na tribuna da Câmara, Silveira lamentou o fato de o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), não ter pautado a proposta que suspende a ação penal contra ele.

Silveira criticou também o relator do caso no STF, ministro Alexandre de Moraes.

“Talvez até o presidente Arthur Lira não tenha percebido esse equívoco muito grave contra o Legislativo, em não ter pautado a sustação da Ação Penal nº 1.044, que pararia um processo que nasce de forma irregular, inconstitucional, nasce de ofício no Supremo, e deu continuidade”, disse.

O deputado acrescentou que ficou 11 meses em um presídio “sem crime” e chamou Moraes de “reizinho do Brasil”.

“O menininho frustrado, que age da maneira dele, fora da Constituição, tem muita coragem atrás da mesa com uma caneta e o poder de mando”, criticou.

“É muito complicado que se tenha pessoas dessa estirpe dentro do Supremo Tribunal, atropelando a Constituição, não respeitando o que essa Casa promulgou em 1988”, disse.

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Logo no início de sua fala, Daniel Silveira voltou a defender o fechamento o STF e a criação de “uma Corte Constitucional de guarda exclusiva da constituição, com seus membros detentores de mandato”.

“Essa Constituição nasce para garantir direitos e garantias individuais, mas principalmente a representatividade popular que é através do voto para o povo, pelo povo, pelos seus deputados e senadores. Se o deputado não tem respeitada a sua imunidade material e formal através de opiniões, palavras e votos, quem vai ter?”, indagou.

O parlamentar disse ainda concordar com declarações feitas pelo ex-deputado Wadih Damous contra o ministro Luís Roberto Barroso que também é ex-presidente do Tribunal Superior Eleitoral.

“Temos que evitar que gente como o ministro Roberto Barroso tente ditar os rumos do processo eleitoral, de ditar os rumos da escolha popular, e ditar os rumos da democracia brasileira. Não foi para isso que essa turma foi colocada lá. Eu tenho alertado lá na Câmara dos Deputados: ou nós enquadramos essa turma ou essa turma vai enterrar de vez a democracia brasileira”, disse.

Por volta das 14h, Silveira e o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) foram ao STF para acompanhar o julgamento, mas não conseguiram entrar no plenário.

De acordo com o Supremo, uma resolução que disciplinou a circulação de pessoas durante a pandemia de Covid-19 autoriza a entrada somente dos advogados dos processos que estão pautados, ministros, membros do Ministério Público e servidores que trabalham no plenário. 

Monitoramento eletrônico

No final de março deste ano, Moraes determinou a volta do monitoramento eletrônico de Daniel Silveira. Essa decisão foi motivada por um pedido da PGR.

Em manifestação enviada ao STF, a subprocuradora Lindôra Araújo argumentou que Silveira continuava a apresentar “comportamento delitivo” ao proferir, em público, “inúmeras ofensas” contra ministros do Supremo e ao próprio tribunal.

Silveira chegou a ser preso em flagrante em fevereiro de 2021, após ter divulgado vídeos com ameaças a ministros do Supremo. Ele posteriormente se tornou réu do processo.

A prisão preventiva depois foi convertida em domiciliar, mas ele acabou voltando ao cárcere em junho, por decisão de Moraes, após ter violado o monitoramento eletrônico ao menos 22 vezes.

Em novembro do ano passado, foi liberado da prisão novamente, com a definição de medidas cautelares.

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