Os talibãs declararam uma “anistia” em todo o Afeganistão e defenderam a participação das mulheres no governo. Apesar das promessas, o povo afegão permanece cético e teme um retrocesso na sociedade, principalmente as mulheres.

 

Enamullah Samangani, membro da Comissão Cultural do Emirado Islâmico, fez os primeiros comentários sobre o novo governo do Afeganistão após a reconquista do país por parte do grupo extremista islâmico.

 “O Emirado Islâmico não quer que as mulheres sejam vítimas”, defendendo que “elas devem estar na estrutura do governo de acordo com a lei sharia”.

 

Durante 20 anos, o povo afegão lutou pela sua independência, por isso temem o extremismo de Talibã.

 

Entre os anos 1996 e 2001 as mulheres estavam em grande parte confinadas às suas casas, sem direito à educação. Eram obrigadas a usar burca e impedidas de sair à rua sem um homem a acompanhar.

 

Em entrevista, Samangani afirmou que não será negado o acesso à escola às mulheres e meninas, porém centros de estética foram fechados em Cabul e os cartazes com mulheres foram retirados das ruas. Uma imagem de um homem a cobrir cartazes de mulheres nas vitrines das lojas está se tornando viral nas redes sociais.

“Nós falamos que será um governo afegão inclusivo, isso significa que outros afegãos terão participação no governo para que ele seja um governo islâmico afegão inclusivo”, explicou.

 

Os talibãs também anunciaram que não iriam se “vingar” daqueles que trabalharam para o governo ou para os serviços de segurança, mas as suas ações transmitem mensagem oposta.

No mês passado, após conquistarem a cidade de Malistan, membros do grupo extremista foram de porta em porta em busca de pessoas que tinham trabalhado para o governo, tendo matado pelo menos 27 civis.

 

Aeroporto

Nesta segunda-feira, 17, o número de civis no aeroporto é muito menor, e os voos militares de repatriamento foram retomados. Dois aviões militares, um francês e um alemão realizaram a primeira retirada de pessoas de Cabul.