Após as recentes enchentes que assolaram o estado do Rio Grande do Sul, a educação pública enfrenta desafios significativos, com milhares de estudantes e diversas escolas afetadas.

De acordo com dados da Secretaria Estadual de Educação (Seduc-RS), 441 escolas, representando 23,5% do total, ainda não têm uma data definida para o retorno às aulas. Isso afeta diretamente 173.256 estudantes.

A catástrofe atingiu 1.059 escolas em 248 municípios, com danos variados. Algumas escolas sofreram danos físicos em sua infraestrutura, enquanto outras precisaram suspender as atividades para servir como abrigo temporário para famílias desalojadas. Além disso, problemas de acesso e isolamento foram relatados em algumas unidades.

O impacto total é expressivo, com 378.981 estudantes afetados e 566 escolas danificadas, que somam 217.396 alunos matriculados.

Diante desse cenário, o Ministério da Educação (MEC) tomou medidas excepcionais, dispensando as escolas de ensino fundamental, médio e superior do cumprimento do mínimo de dias efetivos de trabalho, desde que respeitem a carga horária mínima anual. No caso da educação infantil, tanto os dias efetivos quanto a carga horária mínima foram dispensados.

Retomada gradual na educação infantil

Na capital Porto Alegre, cerca de 40 mil alunos do ensino infantil estão gradualmente retomando as aulas. Vinte e seis unidades de ensino foram reabertas nesta semana, com previsão de mais 21 nos próximos dias.

A cidade conta com 80 mil estudantes matriculados na etapa infantil, distribuídos entre unidades próprias e conveniadas da rede pública municipal.

No entanto, o retorno não é sem obstáculos. Três escolas foram completamente destruídas pelas enchentes, nos bairros de Humaitá, Sarandi e Ilha da Pintada.

O secretário municipal de Educação, José Paulo da Rosa, estima um custo de R$ 30 milhões para reconstruir essas escolas, incluindo obras e equipamentos.

“Eu acho que um dos grandes problemas da pandemia foi demorar muito no retorno às aulas. Nós estávamos ainda trabalhando em recuperar o déficit do aprendizado da pandemia. E quando nós temos esse problema com a enchente, demorar muito a retomar as atividades, eu acho que ia prejudicar os estudantes”, afirma o secretário municipal de Educação de Porto Alegre.

Impacto na rotina dos alunos

O retorno às aulas traz alívio para muitas famílias, especialmente aquelas com crianças com necessidades especiais.

Amanda Rocha Mendonça, mãe de Martim Alexandre, um aluno autista da Escola João Carlos D’ávila Martins Cortês, destaca a importância da rotina escolar para seu filho, que sentiu falta do convívio com colegas e professores durante o período de suspensão das aulas.

“Ele é autista, então sentiu bastante falta da escola, e está feliz em poder voltar, ter esse tempo como com coleguinhas, a professora”, relata Amanda.

Em meio aos desafios impostos pelas enchentes, a retomada das atividades educacionais representa um passo crucial na recuperação da normalidade para milhares de estudantes e suas famílias no Rio Grande do Sul.