Dirigia por Zé Celso, a peça “O Rei da Vela” estreou em 1967, ano da reinauguração do Teatro Oficina, fundado pelo diretor, que morreu nesta quinta-feira (6).

A obra foi escrita em 1933 por Oswald de Andrade, um dos principais nomes do Modernismo brasileiro.

Além de dirigir o espetáculo que transformou o teatro no Brasil, o artista também interpretou a virgem Dona Poloca nos palcos.

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O Rei da Vela

A peça gira em torno de um personagem tentando enriquecer com uma fábrica de velas, num tempo que a população não tinha condições de arcar com custos de energia elétrica.

Na trama, o empresário tenta ascender socialmente enquanto seu país, que é subdesenvolvido, mergulha numa crise financeira.

Ele até chega a planejar um casamento com uma aristocrata, membro nobre da sociedade.

Com críticas aos governos autoritários, José Celso Martinez Corrêa fez história no setor de artes cênicas antes, durante e depois da ditadura militar.

Até os dias de hoje, o espetáculo é um marco de resistência política não só para o teatro, mas para toda a cultura.

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Zé Celso e revolução

Na época, o dramaturgo disse que o texto de Oswald era “revolução de forma e conteúdo para exprimir uma não revolução”.

O livro de “O Rei da Vela” foi publicado em 1937, durante a Era Vargas (1930-1945).

De acordo com Zé Celso, Oswald Andrade não havia criado personagens e, sim, entidades.

“Ali nasceu o teatro de entidade, muito brasileiro, no sentido do candomblé. Porque não são personagens, são entidades que ele [Oswald] criou”, disse em entrevista à Folha de São Paulo.

Em 2017, depois de 50 anos, “O Rei da Vela” foi reencenado no palco do Teatro Oficina.

No mesmo ano, ele deu entrevista para a Folha de São Paulo e disse que nos anos 1960 o Brasil era menos violento.

“Esta época é muito mais violenta do que em 1967 na ditadura pré-AI-5. Agora está pior, acho que o Brasil está totalmente fascista. Estou sentindo no corpo”, explicou Zé Celso.