Na quinta-feira (25), o ex-ginasta Ângelo Assumpção publicou uma carta aberta nas redes sociais em resposta aos fãs que esperavam vê-lo nas Olimpíadas de Paris.
Sem clube desde 2019, quando denunciou casos de racismo, Assumpção foi desligado do Esporte Clube Pinheiros, que alegou indisciplina como motivo. No entanto, Ângelo afirmou que a verdadeira razão foi a denúncia de discriminação racial.
“Recebo várias mensagens de vocês, que gostariam de me ver competindo nas Olimpíadas. Era um sonho que compartilhava com todos vocês, mas pessoa como eu ‘terá seu sonho ceifado’. Quem denuncia racismo, principalmente com uma instituição tão grande, será silenciado e desligado de quaisquer possibilidades de voltar a representar este país”, disse, nas redes sociais.
O ex-ginasta também expressou dificuldade em assistir às Olimpíadas.
“Sobre assistir Olimpíadas, acho muito perverso por vários motivos óbvios. Era um sonho como qualquer atleta, que trabalha duro e sabe o seu potencial por meio de resultados alcançados”, disse.
Ângelo alfineta Arthur Nory
Arthur Nory, acusado por Ângelo Assumpção de racismo em 2015, estará entre os atletas brasileiros nas Olimpíadas de Paris 2024, que começaram nesta semana. A cerimônia de abertura aconteceu na sexta-feira (26).
“Enquanto estiver uma pessoa na seleção masculina que me faz passar um dos momentos mais difíceis publicamente, não irei torcer e muito menos acompanhar. É sobre preservar o mínimo da minha saúde mental, que quase acabou comigo anos atrás. Não gostaria de falar neste lugar de dor, mas infelizmente são minhas últimas experiências na ginástica”, destacou Ângelo.
Confira a carta do ex-atleta sobre as Olimpíadas:
O caso de racismo
Em 2015, Arthur Nory protagonizou um ato de racismo registrado em um vídeo no Snapchat. Nele, ele e outros ginastas da equipe brasileira, como Fellipe Arakawa, fazem piadas racistas sobre o colega Ângelo Assumpção durante um almoço, o que o deixa visivelmente constrangido.
Nory fez comentários como: “Seu celular funciona? É branco! Se não funciona? É preto! Saquinho de supermercado? É branco! O de lixo? É preto!”, direcionados ao ex-atleta.
No mesmo dia, gravaram um segundo vídeo em que se desculpavam de forma irônica, mas Ângelo, ofendido, não aceitou as desculpas. Em setembro de 2020, Nory expressou arrependimento pelo ocorrido.
Acusação de homofobia
Durante as Olimpíadas de Tóquio 2020, Arthur Nory foi novamente questionado sobre o ato de racismo contra Ângelo. Na época, ginastas usaram redes sociais para expor comportamentos homofóbicos de Ângelo. De acordo com ex-companheiros, a demissão de Ângelo resultou de suas próprias ações.
Vinicius Reis, que treinou com Ângelo no clube Pinheiros, fez uma série de postagens onde descrevia sua convivência com o ex-colega.
“No vídeo, eu estava me escondendo no guarda-roupa do quarto em que eu dividia com Ângelo, ele chegou, viu que eu estava lá e me prendeu para poder começar a gravar. Em seguida, ele abre a porta e me pergunta se estou saindo do armário, me chama de ‘viadinho’ e dá um tapa na minha cara, tudo isso na intenção de mandar o vídeo em um grupo para as pessoas me caçoarem depois”, disse Vinicius.
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