A enxaqueca está entre os problemas mais incapacitantes do mundo, de acordo com o Burden of Disease Study.

Segundo dados do Ministério da Saúde, a doença afeta cerca de 31 milhões de pessoas no Brasil, o equivalente a 15% da população, a maioria delas com idades entre 25 e 45 anos.

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Entre as mulheres, o problema chega a até 25%, mais que o dobro da prevalência entre os homens.

Ainda segundo a Sociedade Internacional de Cefaleia, há mais de 150 tipos diferentes de dores de cabeça e estima-se que quase 90% da população já sofreu algum dia desse mal.

Poucos sabem, mas além da relação com fatores como estresse, hereditariedade ou doenças neurológicas, a enxaqueca pode ser originada de uma série de problemas bucais e faciais.

“Os dentes estão diretamente ligados ao sistema estomatognático, que agrupa as estruturas da boca e se liga também aos sistemas nervoso, circulatório e endócrino. Portanto, a dor de cabeça pode, sim, ser um sintoma de algum problema bucal”, afirmou a dentista Maria Geovânia Ferreira.

A profissional é membro da Sociedade Brasileira de Odontologia Estética (SBOE) e da Sociedade Brasileira de Toxina Botulínica e Implantes Faciais na Odontologia (SBTI), além de professora assistente de anatomia facial no Miami Anatomical Research Center, Estados Unidos.

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Quando a saúde bucal é responsável pelas enxaquecas?

As chamadas dores de cabeça secundárias orofaciais podem ser provenientes de:

– Dentes com pulpite (inflamação da polpa dentária, um tecido com vários nervos e vasos sanguíneos situados no interior dos dentes)

– Disfunção temporomandibular (conhecida como DTM, a mobilidade da articulação da mandíbula e dos músculos ao redor fica comprometida, devido a dores no maxilar, dificuldade de mastigar e estalos ou travamentos das articulações da mandíbula)

– Bruxismo (ranger ou apertar os dentes durante o sono, causando desgaste, amolecimento dos dentes e, nos casos mais graves, problemas ósseos, na gengiva e na articulação da mandíbula)

– Apertamento dentário (um tipo de bruxismo que resulta no hábito de apertar involuntariamente os dentes da arcada superior com a inferior)

– Periodontite (infecção bacteriana dos tecidos, ligamentos e ossos específicos que envolvem e sustentam os dentes, coletivamente conhecidos como periodonto)

– Odontalgia atípica (uma dor de dente frequente, muitas vezes sem uma causa identificada)

– Tumores na face

“Apesar de tantas possíveis causas, o maior responsável pelas constantes dores de cabeça é o bruxismo/apertamento, devido a inflamação crônica e liberação de neurotransmissores de dor”, revelou Maria Geovânia.

Bem além da enxaqueca

Além da dor de cabeça, há outros sintomas que podem estar relacionados com os problemas bucais, como trismos (dores na musculatura da mandíbula), miosites (inflamações nos músculos ou em alguns órgãos), capsulites (fortes dores na articulação do ombro), dores nas costas, na nuca e alterações de postura.

E quais as indicações para diagnóstico e tratamento?

Segundo a dentista, quando a dor estiver constante, o ideal é se consultar com um clínico geral ou diretamente com um neurologista.

“Faça um check up e elimine todas as possibilidades de alguma outra doença. Se constatada normalidade nos exames, busque orientação odontológica. É fundamental que o dentista seja especializado em dor orofacial e tenha conhecimentos básicos dos diversos tipos de cefaleia. Ao avaliar dentes, músculos e articulações, ele chegará ao diagnóstico, prosseguindo com o tratamento adequado”, pontuou Maria Geovânia.

Os tratamentos indicados envolvem placa de mordida, laserterapia, acupuntura, agulhamento seco e toxina botulínica, dependendo do problema do paciente.

“Reforçando que você precisa primeiro, com o suporte de outros especialistas, descartar qualquer hipótese de aneurismas, AVC ou tumores. Daí a importância de conhecer seu corpo e estar certo de que sua saúde geral está alinhada com a saúde bucal”, finalizou a dentista.