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Pelé, o rei do futebol, morre aos 82 anos

Com uma coroa na cabeça e um cetro na mão, Pelé acena para o público ao deixar o campo em sua despedida da Seleção Brasileira em São Paulo, no dia 11 de julho de 1971 - Foto: Domício Pinheiro/Estadão Conteúdo

Com uma coroa na cabeça e um cetro na mão, Pelé acena para o público ao deixar o campo em sua despedida da Seleção Brasileira em São Paulo, no dia 11 de julho de 1971 - Foto: Domício Pinheiro/Estadão Conteúdo

O planeta bola perdeu o seu grande Rei. Pelé, o maior jogador de futebol da história, morreu nesta quinta-feira (29), aos 82 anos.

Pelé, batizado Edson Arantes do Nascimento, estava internado desde o dia 29 de novembro no hospital Albert Einstein, em São Paulo.

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A internação foi em virtude de uma infecção respiratória após a Covid-19 e também para reavaliar o câncer no cólon descoberto em 2021.

No início da tarde desta quinta, os médicos anunciaram a morte do astro do futebol.

O velório deve ocorrer na Vila Belmiro, em Santos. Não está confirmado se o funeral de Pelé ocorrerá neste fim de semana ou a partir da próxima segunda-feira (2).

O sepultamento ocorrerá em Santos.

Vida e carreira de Pelé

Pelé, batizado como Edson Arantes do Nascimento, nasceu na cidade mineira de Três Corações, no dia 23 de outubro de 1940. Ele teve infância humilde e cresceu em Bauru, no estado de São Paulo.

Naquela época, Pelé ganhava dinheiro extra trabalhando em lojas de chá. Foi apresentado ao futebol pelo seu pai.

Como não tinha dinheiro para comprar uma bola de futebol adequada, o futuro “rei” geralmente jogava com uma meia recheada com jornal e amarrada com uma corda ou ainda jogava com uma toranja.

Ao longo da carreira, Pelé atuou no futebol como atacante. Muitos o consideram um atleta com importância muito além do futebol. Ele é amplamente considerado como um dos maiores atletas de todos os tempos.

No ano de 2000 foi eleito “Jogador do Século” pela Federação Internacional de História e Estatísticas do Futebol (IFFHS).

Também foi um dos dois vencedores conjuntos do prêmio Melhor Jogador do Século da FIFA.

Nesse mesmo ano, Pelé foi eleito Atleta do Século pelo Comitê Olímpico Internacional.

De acordo com a IFFHS, Pelé é o segundo maior goleador da história do futebol em jogos oficiais, com o registro de 765 gols em 812 partidas, e um total 1283 gols em 1363 jogos que incluem amistosos não oficiais, um recorde mundial do Guinness.

Em determinado período da carreira, ele chegou a ser o atleta mais bem pago do mundo.

Pelé e o futebol

Para Pelé, o mundo futebolístico teve início no Santos Futebol Clube. O jogador, que futuramente seria chamado de rei, tinha apenas 15 anos quando chegou à Vila Belmiro, estádio santista.

Não demorou muito e aos 16 já estava na seleção brasileira de futebol. Um ano depois, aos 17, ganhou sua primeira Copa em 1958.

Pelé conquistou ainda as copas de 1962 e 1970. Até hoje, é o único jogador a conquistar três mundiais.

Edson Arantes do Nascimento também é o maior goleador da história da seleção brasileira, com 77 gols em 92 jogos.

Em clubes, Pelé é o maior artilheiro da história do Santos e levou para a Vila duas Copas Libertadores da América e dois Mundiais Interclubes, vencidos em 1962 e 1963.

Pelé tinha média de quase um gol por partida ao longo da carreira. Ele era especialista em chutar a bola com qualquer um dos pés, além de antecipar os movimentos de seus oponentes em campo.

Gol mil

No final de 1969, Pelé se aproximou do milésimo gol, criando grande expectativa no país. Em novembro, Pelé já tinha marcado 996 gols.

E o milésimo gol aconteceu no dia 19 de novembro de 1969, em uma partida contra o Vasco da Gama, quando Pelé marcou a partir de um pênalti, no Estádio do Maracanã.

O rei chutou no canto esquerdo do goleiro Andrada, que chegou a tocar na bola.

Convertido o pênalti, o nome de Pelé passou a ser gritado no Maracanã, até mesmo pela torcida vascaína.

O jogo foi suspenso por 20 minutos, e Pelé deu uma volta olímpica no estádio, com uma camisa do Vasco com número “1000” nas costas.

Os anos 1970 representaram a despedida de Pelé dos gramados. Depois da temporada de 1974, Pelé se aposentou de clubes brasileiros.

Em 1976, ele assinou com o New York Cosmos (Estados Unidos) para a temporada de 1975.

Em 1º de outubro de 1977, Pelé encerrou a carreira em uma partida de exibição entre o Cosmos e o Santos.

Copa do Mundo de 1970

Após conquistar as copas de 1958, 1962 e jogar o mundial de 1966, já se esperava que a Copa do Mundo no México fosse a última de Pelé.

Durante a Copa, os cinco jogadores ofensivos Jairzinho, Pelé, Gérson, Tostão e Rivellino criaram um dos ataques mais mortais da história do futebol no mundo.

Pelé foi protagonista até a grande final. A final foi contra a Itália no Estádio Azteca na Cidade do México. Pelé marcou de cabeça o primeiro gol.

Este foi o centésimo gol do Brasil em copas. O salto de alegria de Pelé nos braços de Jairzinho é considerado um dos momentos mais marcantes da história da Copa do Mundo.

Vida pessoal

Pelé era católico e em 1966 se casou com Rosemeri dos Reis Cholbi.

Pelé e Rosemeri tiveram três filhos: Kelly Cristina (1967), Jennifer (1978) e o também jogador Edinho (1970). O casal se separou em 1980.

Entre 1981 e 1986 namorou a apresentadora Xuxa, que na época ainda era modelo.

Em 1990 iniciou namoro com a cantora Assíria Nascimento, com quem se casou em 1994 e teve gêmeos, Joshua e Celeste (1996).

O casal se divorciou em 2008. Em 2010 namorou a empresária Marcia Aoki, com quem casou em 2016.

Pelé teve duas filhas fora do casamento. Sandra Regina Machado (1964-2006) foi fruto de uma relação com a empregada doméstica Anisia Machado, da época em que ainda namorava Rosemeri, que se tornaria a primeira esposa.

O jogador nunca quis conhecer Sandra. Após anos lutando nos tribunais, Sandra conseguiu ser reconhecida como filha através do teste de DNA em 1996.

Mesmo legalmente reconhecida, Pelé não quis aproximação com Sandra, que acabou morrendo em 2006 vitima de um câncer. Ela não conseguiu apoio do jogador para o tratamento.

A outra filha, Flávia Kurtz, foi fruto de outro caso extraconjugal de Pelé com a jornalista Lenita Kurtz, a qual também conseguiu reconhecimento nos tribunais.

Carreira artística

A fama de maior jogador também rendeu a Pelé convites para atuar na área cultural. São vários os filmes que contam com a participal do rei do futebol.

Filmografia

O Barão Otelo no Barato dos Bilhões (participação especial)

Isto É Pelé (documentário)

Os Trombadinhas

Pedro Mico

Fuga para a Vitória

A Marcha

Os Trapalhões e o Rei do Futebol

Pelé Eterno (documentário)

Pelé (documentário)

Telenovela

Os Estranhos

Jogos eletrônicos

Discografia

Pelé também flertou com a música e tem participação gravada em diferentes canções.

Um dos trabalhos resultou no compacto Tabelinha, com a cantora Elis Regina no ano de 1969.

O disco foi gravado com as canções “Vexamão” e “Perdão Não Tem”.

As canções também estão disponíveis no CD duplo Elis Regina 20 anos de Saudade, de 2002 (Universal Music) e no CD Peléginga, de 2006 (EMI).

Saúde

Em 1977, a imprensa brasileira chegou a divulgar que Pelé teve seu rim direito removido. Em novembro de 2012, o rei passou por uma operação no quadril.

Quatro anos depois, ele declarou que houve um erro médico nesta cirurgia, o que levou à necessidade de outra cirurgia corretiva em 2015.

Em dezembro de 2017, ele apareceu em uma cadeira de rodas no sorteio da Copa do Mundo de 2018 em Moscou, onde foi fotografado com o presidente russo Vladimir Putin e Diego Maradona.

A saúde debilitada impediu Pelé de participar da Copa do Mundo de 2018, o que seria a primeira desde 1958 sem sua presença.

Em agosto de 2021, Pelé foi diagnosticado com câncer no cólon.

A saúde de Pelé piorou bastante no último bimestre de 2022, quando necessitou de internação hospitalar prolongada.

Um dos boletins médicos no período informou que o tratamento quimioterápico de Pelé não era responsivo e que foi substituído por tratamento paliativo.

Pelé foi homenageado em diferentes momentos da Copa do Catar, que ocorreu entre novembro e dezembro.

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