O medalhista olímpico com bronze nos 50m livre em Tóquio-2020, Bruno Fratus disse que os nadadores brasileiros devem entender que a conquista de uma vaga olímpica é uma etapa da preparação, não o objetivo principal.

Para ele, é necessário desenvolver uma mentalidade competitiva mais “feroz”, como a dos americanos e australianos.

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O nadador de 33 anos assinou contrato com o Esporte Clube Pinheiros, seu clube de formação, depois de sete anos.

Ele vai continuar morando nos EUA, mas fará treinos e competições pontuais no País

“Temos atletas que treinam para se classificar – a gente romantiza e prioriza o índice -, mas a molecada se assusta nas competições principais. A mudança de mentalidade é o que mais me motiva dentro do maior clube formador olímpico do País. Quero começar a implantar essa mentalidade que o índice não é uma vitória, mas parte do processo”, diz o nadador em entrevista exclusiva ao Estadão.

Na visão do nadador, falta uma mentalidade mais feroz para o Brasil nos torneios internacionais.

“A gente tem o talento dentro da água, na borda da piscina e a estrutura – a estrutura do Pinheiros é melhor do que tenho nos Estados Unidos -, mas falta um quê da mentalidade competitiva dos americanos e australianos de chegar lá fora para ‘matar'”, diz.

A volta de Fratus ao Brasil tem um asterisco.

O nadador não voltará a treinar diariamente por aqui e vai continuar morando nos Estados Unidos.

Sua rotina, portanto, não vai mudar.

Ele continua tendo como treinadora a mulher Michelle Lenhardt.

Ele virá ao Pinheiros para treinamentos pontuais e algumas competições.

A reestreia de Bruno deve acontecer no Troféu Brasil, classificatório para o Mundial e Pan, entre os dias 30 de maio e 3 de junho, no Rio de Janeiro.

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Programática

O cronograma ainda não está definido porque ele está se recuperando de uma cirurgia no ombro direito.

Foi um procedimento para tratar uma antiga lesão a tempo de se recuperar para pensar nos torneios deste ano.

O próximo Mundial está previsto para julho, em Fukuoka, no Japão.

“O foco da temporada é resolver meu ombro. Se a recuperação fosse uma barra de download dos computadores, estou em 97%, quase lá. Preciso completar os 100%. Não estamos apressando nada. É perigoso apressar uma volta de cirurgia. Não tenho mais 19, 20 anos. Tudo tem de ser feito com mais cuidado. Menos testosterona e mais raciocínio”, diz o dono de quatro medalhas em Mundiais (três pratas e um bronze) e sete em Jogos Pan-americanos (cinco de ouro e duas de prata).

Fratus voltou a sentir essa antiga lesão no Campeonato Mundial de Budapeste, a principal competição do ano passado.

Depois de nadar as eliminatórias dos 50 metros nado livre em 21s71, o nadador sentiu uma dor no aquecimento.

Na semifinal, empatou em oitavo lugar com 21s83 e ainda disputou o desempate nadando para 21.62 perdendo para o francês Maxime Grousset por três centésimos.

A exemplo do diagnóstico que faz sobre o momento atual da natação brasileira, Fratus está olhando lá na frente em sua própria trajetória pessoal.