Ao Norte Entrevista de 16 de março último, o narrador e apresentador Cléber Machado, hoje no SBT, fala do início no esporte e revela suas maiores influências: Galvão Bueno, Luciano do Valle (1947-2014) e Silvio Luiz, morto hoje, aos 89 anos.
O começo no Rádio
Filho de Clodoaldo José (1931-1971), diretor da Rádio Bandeirantes que marcou época, Cléber Machado encaminhou-se para o veículo de uma forma natural.
“Comecei minha carreira em rádio, a partir dos relacionamentos que meu pai tinha. Ele havia trabalhado muitos anos na Rádio Bandeirantes. Fui office boy na Rádio Tupi, trabalhei no comercial da Bandeirantes, e depois fui para o artístico da Rádio Globo. Daí, voltei para a Gazeta, já no esporte. E o resto é história.”
O início no esporte
Após trabalhar nas rádios Bandeirantes e Gazeta, Cleber seria convidado a trabalhar na TV Globo em 1988.
“Havia uma possibilidade muito grande de eu participar da cobertura da Copa. Tendo chegado na Globo em 88, acabei sendo o terceiro narrador da equipe na Copa. O Galvão foi único que foi para Itália porque teve o Plano Collor. Ficou o Oliveira Andrade no Brasil, e eu. Depois, fiz Olímpiada e Fórmula Um.”
Os ídolos na narração
Influenciado por vários narradores, no início da carreira, porém, Cléber de alguma forma espelhou-se mais num conhecido tripé: Galvão Bueno, Luciano do Valle e Silvio Luiz.
“Sempre busco a naturalidade na narração. Para mim, o Silvio Luiz, o Luciano do Vale e o Galvão, eles fazem a base da pirâmide de narradores daquela época: o estilo descontraído do Silvio, o vibrante e emocional do Luciano e o Galvão misturando um pouco essa vibração e emoção com técnica apurada.”
“Hoje não, hoje sim”: Cléber Machado e os memes
Algumas de suas narrações viraram memes na internet. Cleber relembra, divertido, duas delas.
“Na temporada anterior o Barrichello já havia deixado o Schumacher passar na frente, mas o alemão estava disputando o título, eram da mesma equipe. Na corrida do “hoje não, hoje sim”, era começo de campeonato, por isso apostei com o Reginaldo Leme que Barrichello não deixaria Schumacher passar. Mas ele deixou, e até hoje gritam para mim na rua. Como o gol do Romarinho pelo Corinthians contra o Boca na Libertadores em 2012, que quase não narrei.”
“Dinizismo”
O apresentador e locutor do SBT fala sobre o trabalho do treinador Fernando Diniz.
“Sou simpatizante. Gosto do trabalho dele porque o futebol brasileiro precisava de uma grande chacoalhada. O Diniz tem uma ideia de jogo própria. Acho que ele é um técnico dos principais do futebol brasileiro que podem nos ajudar a melhorar.”
Se a seleção pode chegar a lugar nenhum
Para Cléber, o Brasil já chegou a ser uma unanimidade no futebol: todos apontavam nossa seleção como a melhor do mundo. Hoje, porém, as coisas mudaram muito.
“Acho muito definitivo “não ir a lugar nenhum”, mas corremos o risco do nosso futebol ser “mais um”, que eventualmente pode não ser o lugar mais alto no pódio. Não temos a melhor seleção do mundo, e nem a pior.”
O 7 a 1 para a Alemanha
O locutor comentou também o maior trauma da seleção brasileira na história das copas: a impiedosa goleada sofrida diante da Alemanha.
“Acho que já foi superado. A Alemanha era a melhor seleção da copa, e não jogamos bem. Dentro do campo isso se supera, quando o Brasil for jogar o próximo jogo lá, os dois amistosos contra Alemanha e a Inglaterra, ninguém vai lembrar.”
Cléber Machado no SBT
Muito à vontade em sua nova casa, ele fechou contrato por acreditar em novos projetos.
“Fui muito bem recebido. Podia ter escolhido não fazer mais TV aberta, nunca mais fazer futebol. O SBT mostrou interesse, me apresentou alguma coisa bacana. Fortalecer o esporte na programação e o ambiente. Lá é muito legal e tive uma recepção muito boa.”
Mundo digital
Embora famoso há mais de 35 anos, o narrador e apresentador demorou a aparecer nas redes sociais.
“Acho que as redes sociais, a internet de uma maneira geral é um mundo estranho, que nem sempre me agrada. O sujeito posta um comentário ofensivo, e a gente não sabe quem é. Essa coisa do anonimato é estranha. Agora tenho 800 mil seguidores. E está bom.”