Uma verdadeira inundação de notícias falsas (fake news) em torno da tragédia que se abate sobre o Rio Grande do Sul tomou conta das redes sociais.  De teorias da conspiração sobre o motivo do desastre a boatos de cunho religioso fundamentalista que relacionam o recente show de Madonna no Rio  à perda de vidas nas enchentes, tudo tem sido usado por uma rede dedicada a espalhar desinformação. 

Dentre os principais alvos da campanha de fake news promovida nas redes sociais estão as instituições públicas.  Desde os primeiros momentos da tragédia, notícias falsas buscam desacreditar governos e órgãos públicos. 

São mentiras sobre caminhões sendo impedidos de entrar no estado com donativos às vítimas, sobre a demora do governo federal em agir no RS e sobre alguns empresários estarem atuando mais que governos em prol dos gaúchos.

Pesquisa

Um grupo de pesquisadores dos Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCT) vem acompanhando a  divulgação de mensagens sobre o desastre climático do Rio Grande do Sul nas redes sociais.

Segundo Thaiane Moreira, pesquisadora da Universidade Federal Fluminense (UFF), integrante do grupo de pesquisa, os estudos não estão concluídos ainda, mas  já é possível perceber um padrão nas fake news sobre a tragédia. 

“[Nesta tragédia] a desinformação diz respeito sobretudo a discussões políticas, acusações contra o governo federal, contra o governo estadual. Principalmente, e aí eu acho que é um ponto extremamente preocupante, a questão da contestação da eficácia e da atuação das instituições. A gente tem visto o quanto as instituições, que têm sido muito atuantes, estão sendo descredibilizadas nesse processo”, afirma Thaiane.

Com a credibilidade das instituições públicas sendo questionadas por notícias falsas, as pessoas afetadas pelo desastre ficam sem referência para tomar decisões.

“Se a gente vê um conjunto de desconfianças nas instituições e uma população amedrontada, sem saber em quem confiar e acionar, isso é um problema muito grave para nossa sociedade. A gente sabe que quando uma um cidadão está assustado, ele pode tomar algumas decisões que não sejam necessariamente racionais”, explica Thaiane.

Segundo a pesquisadora, não há apenas um risco para a democracia, mas também para a própria segurança e saúde das vítimas.

Página mantida pelo Governo Federal ensina como denunciar notícias falsas nas diversas plataformas. Veja como.