O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, voltou a falar sobre as críticas que vêm recebendo e o cenário da instituição.

As declarações ocorreram nesta terça-feira (14), durante evento realizado pelo banco BTG Pactual, o CEO Conference.

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“É justo questionar os juros altos, e é importante ter alguém no governo que faça isso. Faz parte do jogo e do equilíbrio natural. É trabalho do Banco Central melhorar a comunicação sobre suas decisões. Eu reconheço que poderia ter feito isso de forma mais frequente e didática”, afirmou o presidente do BC.

Campos Neto, em discurso de trégua, pondera que é natural e justo o questionamento, mas ressalta a necessidade da cooperação entre o governo.

“O Banco Central quer trabalhar junto, quer ser colaborativo”, disse Campos Neto.

Além disso, em evento, o presidente do BC pede “boa vontade” do mercado com a gestão do atual governo federal em evento.

Campos Neto, governo e trégua

Na segunda-feira (13), em entrevista ao programa Roda Viva, Campos Neto demonstrou a busca por “trégua” em meio às críticas e a relação colaborativa que deve existir entre o BC e o governo.

“Entendo que existe pressa da parte do presidente Lula, que existe uma agenda social. Nossa agenda é muito social. O Banco Central precisa trabalhar com o governo e eu vou fazer tudo o que estiver ao meu alcance para aproximar o Banco Central do governo”, disse.

Sobre a inflação, principal causa do conflito que gerou grande descontentamento em Lula, o presidente do BC explica que a meta inflacionária é definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), cujo presidente é o ministro da Fazenda, a quem ele elogiou o trabalho.

Segundo o gestor do BC, Fernando Haddad estaria atento à necessidade de “seguir um plano fiscal com disciplina, com o arcabouço (fiscal) que já está sendo construído”.

Por fim, Campos Neto reafirma a defesa da autonomia do Banco Central e que esse ruído de comunicação na troca de governos é natural, assim como mostra a experiência de outros países.

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Conflito entre Lula e BC

A tensão foi gerada por conta do anúncio do Copom da manutenção da taxa básica de juros, a Selic, em 13,75%, sob a justificativa de considerar a perspectiva de gastos públicos mais altos neste início de governo. 

A decisão já era esperada, uma vez que a taxa de juros é instrumento para controlar a inflação, mas ainda assim desagradou Lula, que começou ataques e críticas nominais ao Banco Central.

A independência do BC é uma questão que sempre retorna nesses momentos de desgaste na relação. Lula demonstra desejo de rever a autonomia do órgão e ainda assegura que em seu último mandato, o órgão já tinha autonomia para atuar.

Além disso, outro ponto que reacende a tensão é o fato de que Roberto Campos Neto é indicação de Jair Bolsonaro (PL) e devido à independência do órgão, não pode ser demitido.