Um mistério do Condado de Lancaster, na Pensilvânia, nos Estados Unidos, chegou ao fim no início desta semana após 46 anos.

O DNA extraído de uma xícara de café no início do ano ajudou investigadores na acusação contra um homem pelo esfaqueamento e morte de Lindy Sue Biechler, uma jovem de 19 anos.

Lindy foi achada morta em seu apartamento pelos tios dela, no dia 5 de dezembro de 1975. A vítima apresentava 19 facadas no corpo, segundo a polícia.

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Detetives do Departamento de Polícia de Manor Township e da Polícia Estadual da Pensilvânia conduziram investigações ao longo de décadas.

Centenas de pessoas foram interrogadas e provas foram enviadas a diversos laboratórios.

Segundo a promotoria do caso, em uma das atividades, a análise genética usou um DNA extraído ainda da cena do crime e, por fim, no início desse ano, identificou David Sinopoli, atualmente com 68 anos, como suspeito do assassinato brutal.

Investigação

O Gabinete do Procurador Distrital do Condado de Lancaster disse que apresentou em 1997 evidências da cena do crime para análise de DNA e um perfil masculino foi extraído da roupa íntima de Biechler.

Após três anos, o perfil de DNA foi submetido a um banco de dados nacional, também conhecido como CODIS, para analisar possível correspondência com um criminoso conhecido.

O Ministério Público explicou que, nesse caso, se uma pessoa não for um criminoso conhecido ela não estaria no sistema CODIS e, portanto, nenhuma correspondência seria apresentada. Foi o que ocorreu nesse caso.

Mesmo após todo esse tempo, as investigações continuaram e, em janeiro de 2019, ganharam novo impulso depois que a Unidade de Casos Arquivados da Procuradoria do Condado de Lancaster assumiu o caso. Em alguns meses, ela contou com a ajuda da Parabon NanoLabs para analisar o DNA obtido no caso.

Foi aí que David Sinopoli foi identificado como possível suspeito, de acordo com CeCe Moore, pesquisadora da Parabon NanoLabs, em entrevista coletiva na segunda-feira, 18.

Como não havia correspondências genéticas individuais com o DNA do suspeito, CeCe Moore teve que tentar uma rota “nova e não tradicional” para diminuir as opções de potenciais suspeitos.

Sabendo da ascendência italiana de Sinopoli, Moore estudou padrões geográficos e de imigração, bem como sobrenomes associados, e determinou que a pessoa ligada à amostra de DNA tinha ligações com Gasperina, uma cidade na região da Calábria, no sul da Itália.

“Havia muito poucas pessoas que viviam em Lancaster no momento do crime que tinham a idade e sexo corretos e tinham uma árvore genealógica consistente com essas origens, então isso me permitiu priorizar candidatos cuja descendência foi determinada exclusivamente de famílias com origens em Gasperina”, disse Moore.

O criminoso e a vítima moraram no mesmo complexo de apartamentos de quatro unidades em algum momento, disse a investigação durante entrevista coletiva na segunda.

A xícara

Os investigadores passaram a acompanhar Sinopoli por meio de vigilância.

No dia 11 de fevereiro desse ano, após segui-lo até um terminal do Aeroporto Internacional da Filadélfia, obtiveram clandestinamente o DNA de Sinopoli por meio de uma xícara de café usada por ele e jogada fora antes de uma viagem”, disse a promotoria pública.

O objeto foi recuperado por detetives e a análise de DNA encontrou correspondência com as impressões digitais de Sinopoli e o DNA encontrado na roupa íntima de Biechler.

“Houve uma busca interminável por justiça neste caso que nos levou a identificar e prender Sinopoli. Lindy Sue Biechler estava na mente de muitos ao longo dos anos”, ressaltou a promotoria.

David foi preso em casa no domingo, 17, e segue detido na cadeia do condado de Lancaster sem direito a fiança, disse a polícia.

Falando no dia seguinte à prisão, a promotora do condado de Lancaster, Heather Adams, disse que a Parabon NanoLabs determinou por meio de evidências de DNA que o assassino de Biechler provavelmente tinha ancestrais da cidade italiana de Gasperina, na região sul da Calábria.

A técnica de identificação utilizada foi a genealogia genética, que tornou-se uma ferramenta importante para os investigadores da lei após a prisão de um homem conhecido como o “Golden State Killer” em 2018.

A técnica combina testes de DNA com registros genealógicos e históricos para estabelecer conexões entre os indivíduos.

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