O presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, não descarta que o clube vire uma Sociedade Anônimas de Futebol, mais conhecidas como SAF.

Esse novo modelo de gestão vem redesenhando o mercado do futebol brasileiro.

Aos menos cinco clubes que irão disputar a primeira divisão do Brasileiro viraram SAF: Vasco, Cruzeiro, Bahia, Botafogo e Bragantino.

Cada um adotou um modelo diferente, no entanto, há uma convergência: um sócio majoritário que detém um controle significativo do clube.

No entanto, esse formato que prevalece no cenário atual é uma barreira para que o Flamengo siga esta tendência.

“Este modelo de SAF (…) em que os sócios do clube fiquem com uma participação minoritária e, praticamente, sem nenhuma voz na gestão do clube, é que não cabe no Flamengo”, salientou o presidente Rodolfo Landim.

+ Envie esta notícia no seu WhatsApp

+ Envie esta notícia no seu Telegram

O posicionamento de Landim veio durante a entrevista concedida ao programa No Mundo da Bola, da TV Brasil, exibido na noite de segunda (16).

O mandatário não recusou a possibilidade de o Rubro-negro um dia virar SAF, mas estabelece condições para que isso aconteça, ao menos enquanto ocupar a presidência.

“SAF com investidor, [tem que ter] regras de governança e disciplina de capital, desde que o Flamengo continue detendo o controle do futebol do Flamengo”, decreta.

Landin aponta o Bayern de Munique como uma referência de SAF aceitável para o clube, o qual poderia ajudar a capitalizar os recursos para o projeto do estádio próprio.

“Existe disciplina de capital dentro do clube, existem parceiros estratégicos, que são patrocinadores, como Adidas e tal, e tem um pouco de capital pulverizado”, explica.

Relacionadas

+ Landim: ‘Mundial seria a cereja do bolo para geração atual’

+ Zico pediu: torcida do Fla explica como mudou canto que ofendia craques

Landim alerta que a transição para esse modelo de gestão requer cautela.

A preocupação dele visa preservar a atual e robusta estrutura do clube, um dos maiores do país ao lado do Palmeiras.

“Qualquer presidente que sente lá naquela cadeira pode botar tudo a perder em um mês. Eu posso dizer porque sou o dono da caneta hoje”, reconhece.

Outro ponto a ser considerado, seria o impacto de uma possível SAF nos esportes olímpicos.

Atualmente, o Flamengo têm vários atletas medalhistas olímpicos, como a judoca Rafaela Silva, o canoista Isaquias Queiroz e a ginasta Rebeca Andrade.

Hoje os recursos do futebol arcam com boa parte das despesas das outras modalidades.

Então, seria necessário um modelo de SAF onde o futebol pagasse royalties pela marca “Flamengo”, pertecente ao clube social, para atender a essa demanda.

Finanças

Em 2022, o Rubro-negro carioca fechou o ano com 1,2 bilhão em receitas.

As verbas levantadas através de bilheteria e programas de sócio-torcedor superaram as cotas de TV.

“É fundamental manter o nível de arrecadação elevado de bilheteria e sócio-torcedor pra que a gente possa manter esse time que é um time vencedor”, justifica Landim.

Mesmo fechando o ano com um balancete financeiro positivo, o Rubro-negro já vislumbra ampliar seu capital.

Uma das expectativas é transformar a atual parceria com o Banco BRB, que hoje possui mais de 3 milhões de contas digitais associadas ao clube.

“A ideia é transformar a parceria num ativo, para que futuramente se torne uma empresa de capital aberto”, considera.

Apesar do superávit, Landim adianta que o clube será mais contido nas transações financeiras desta temporada.

“Esse ano é menos investimento para compras e menos investimento de venda. Se porventura nós viermos a ter uma venda grande, a gente aumenta proporcionalmente também a compra”.

Apoio à nova Liga

“O Flamengo é quem mais impulsiona a criação da Liga”, garante o presidente rubro-negro.

No entanto, o impasse está na divisão de receitas atual. “O que o Flamengo não concorda é reduzir a sua participação, a sua fatia do bolo”.

Landim defende que uma divisão mais justa, proporcionando mais equilíbrio entre os clubes, seja feita apenas com receitas futuras.

“A receita adicional que vier a ter, a gente dividir de forma mais equânime, de forma a reduzir a diferença entre o que mais ganha e o que menos ganha. Eu só não quero fazer isso agora”.

Erros da gestão

Ao final da entrevista, Rodolfo Landim reconheceu duas contratações como os maiores erros cometidos até agora por sua gestão: do espanhol Domènec Torrent, substituto do aclamado Jorge Jesus, e o português Paulo Sousa.

Veja a entrevista de Rodolfo Landim na íntegra