Várias sucuris foram flagradas pelo fotógrafo e biólogo Daniel De Granville durante uma das suas expedições fotográficas em Bonito (MS).

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“As sucuris estavam em um lugar meio escondido no meio do capim-navalha e a gente não queria perturbá-las. Então, não dava pra ver muitos detalhes, só consegui confirmar uma fêmea e um macho, mas certamente havia outros machos por perto”, relembra o fotógrafo e biólogo.

Daniel De Granville é acostumado a fazer expedições subaquáticas para flagrar sucuris gigantes embaixo d’água.

Porém, dessa vez o fotógrafo flagrou o ‘bolo reprodutivo’ em um passeio diferente do que geralmente proporciona aos clientes.

“Geralmente, meus clientes são mergulhadores que querem fotos das sucuris dentro da água. Mas este fotógrafo específico só fazia imagens externas, não mergulhava”.

As buscas pelos registros na expedição eram por outros animais, as sucuris não eram o objetivo.

Entretanto, Daniel conta que foi avisado por um funcionário de uma propriedade rural de que havia várias sucuris emboladas no barranco.

Assim que recebeu a informação, o fotógrafo e o cliente partiram ao encontro das serpentes.

“Chegando lá percebi que era um bolo reprodutivo e não apenas um indivíduo de sucuri. O que mais me encanta, além da questão fotográfica em si, é a possibilidade de documentar fenômenos naturais raros, que podem ajudar em pesquisas científicas e também na conscientização das pessoas sobre a importância da conservação da natureza”.

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Fenômeno de reprodução das sucuris

Daniel explica que o processo de acasalamento da espécie pode durar várias semanas.

Mais de 10 machos ficam se revezando na cópula com uma única fêmea, como o profissional comenta.

As sucuris possuem um comportamento reprodutivo bem diferente, que é chamado de ‘poliândrico’, que significa que uma fêmea acasala com vários machos.

As fêmeas sempre são maiores, os machos, menores, disputam pelo acasalamento.

“Podemos encontrar mais de 12 machos disputando uma única fêmea, sendo que elas são muito maiores e mais pesadas do que eles. Na época do acasalamento, que ocorre nos meses de inverno, a fêmea costuma ficar exposta no barranco do rio e libera no ar um feromônio (substância com odor característico) que atrai os machos”, detalha o biólogo.

Sucuri - Pequenos machos disputam pela cópula com uma única fêmea durante a reprodução - Foto: Daniel De Granville/Arquivo Pessoal
Pequenos machos disputam pela cópula com uma única fêmea durante a reprodução – Foto: Daniel De Granville/Arquivo Pessoal

Um dos pontos que chama atenção durante o período de acasalamento das sucuris é que as fêmeas podem matar um dos machos para se alimentar durante o processo.

O motivo, é que as fêmeas podem passar de 6 a 7 meses sem comer durante a gestação, como explica o biólogo.

“O macho não morre naturalmente após acasalar, mas pode ocorrer da fêmea matar um de seus parceiros e se alimentar dele. O motivo é que, após acasalar e entrar em gestação, a fêmea passará de 6 a 7 meses sem comer, até parir os filhotes. Então, este macho pode ser sua última refeição por um longo período. Este comportamento ocorre pois desta forma, com a barriga vazia, há mais espaço em seu corpo para abrigar os filhotes que estão se desenvolvendo”, comentou Daniel De Granville.

Seja na água ou na terra, o cuidado deve ser mantido ao ver as gigantes serpentes.

Daniel De Granville faz um alerta: “a maior preocupação é manter uma distância segura, tanto para não permitir um possível ataque, mas principalmente para não atrapalhar um momento tão fundamental para a espécie, que é sua reprodução”.

Confira um vídeo do registro do acasalamento das sucuris: